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Ao anunciar, na quarta-feira (13), que há possibilidade de negociação de um acordo comercial entre Brasil e China, o ministro da Economia, Paulo Guedes, lançou um sinal amarelo na direção do Mercosul. Pelas regras atuais do bloco sul-americano, acordos de livre comércio com os chamados "terceiros países", ou seja, os que não integram o bloco,
só podem ser feitos com a participação de todos os sócios. Ou seja, o Brasil não pode negociar de forma isolada.
É bom lembrar que Guedes disse que o bloco não era sua prioridade assim que foi anunciado no cargo. Mas nem esse seu anunciado desprezo pelo bloco o faz ignorar a regra que não permite negociações comerciais isoladas com países não sócios. Foi, de fato, mais um sinal de alerta para o bloco e, especialmente, para a Argentina que será governada por Alberto Fernández e Cristina Fernández de Kirchner em menos de um mês.
- Estamos conversando com a China sobre a possibilidade de criarmos o free trade area, ao mesmo tempo que falamos em entrar na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, que reúne países ricos) - disse o ministro na quarta-feira.
Como é óbvio que não se trata de desconhecimento, Guedes tenta preparar o terreno para
as mudanças que quer fazer no Mercosul. O plano, segundo diplomatas que acompanham
o assunto, é rever o caráter de união aduaneira do bloco – exatamente a regra que exige participação de todos em acordos com terceiros países e fixa as mesmas alíquotas de importação para produtos estrangeiros, a Tarifa Externa Comum (TEC)
A ameaça de simplesmente deixar o bloco foi mal-recebida no meio empresarial, entre outros motivos porque os países do bloco sul-americano são os maiores compradores de produtos manufaturados. Além disso, implicaria a perda da maior façanha do Planalto até agora, o fechamento do acordo União Europeia-Mercosul. Falta ainda combinar com uruguaios, paraguaios e os interlocutores mais difíceis do que nunca, também por atitudes de Bolsonaro: os argentinos.