Autorizado pelo governo Jair Bolsonaro, o acréscimo de produtos que podem ser vendidos por free shops no Brasil provoca reações distintas no Estado. Por um lado, defensores avaliam que a medida iguala a competição entre os estabelecimentos presentes no Rio Grande do Sul e os instalados em Argentina, Paraguai e Uruguai. No sentido contrário, há quem aponte riscos de a ação desequilibrar a concorrência com as lojas do comércio tradicional de cidades gaúchas.
– Foi feita uma prática de simetria. Em 2018, uma reunião do Mercosul acertou que os países com free shops em operação deveriam restringir a oferta de produtos vendidos. Como os demais não fizeram isso, o Brasil reeditou sua norma. Ar-condicionado está sendo vendido do lado de lá da fronteira, mas não aqui – pontua o deputado estadual Frederico Antunes (PP), presidente da frente parlamentar pela instalação dos free shops.
O Rio Grande do Sul reúne 11 das 33 cidades-gêmeas aptas a receberem lojas do gênero no Brasil. Presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn relata temer que operações do comércio local percam fôlego na corrida com os free shops.
– Depende da lista de produtos que poderão ser vendidos – aponta.
Dois dos quatro free shops em atividade no Estado ficam em Uruguaiana. Presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas do município (CDL Uruguaiana), Luciane da Cunha Lopes diz que a chegada de operações do gênero "atinge" pontos tradicionais da cidade, mas vê benefícios à economia local.
– Os free shops trazem o turista para cá. Ele pode se hospedar, fazer um lanche aqui – afirma.