A intenção da prefeitura de Porto Alegre é começar ainda neste mês a mudança das primeiras 128 famílias da Vila Nazaré para o empreendimento Senhor do Bonfim, no bairro Sarandi. A desocupação da área é o último desafio para a conclusão das obras de ampliação do aeroporto Salgado Filho. No total, o novo local tem 364 unidades habitacionais prontas, que tiveram de passar por restauração depois de terem sido invadidas e danificadas em 2014.
Foram necessários dois anos para a reintegração de posse. A recuperação custou R$ 3 milhões, segundo Mario Marchesan, diretor-geral do Demhab. Esse grupo ocupa a área mais delicada do ponto de vista das obras que a alemã Fraport se comprometeu a concluir ao assumir a concessão, em janeiro de 2018. O espaço corresponde à área de segurança que precisa ser liberada para operar a pista ampliada.
– Os apartamentos estão quase prontos para entrega. Só aguardam ligação de água e habite-se. A ocupação será em duas etapas. Na primeira, todas as famílias virão da área mais crítica para a expansão, de risco para a segurança de voo. Mas como toda a área é de risco, todas as 1,3 mil famílias serão atendidas – detalha.
Além dessas 364, outras 930 famílias da Nazaré irão para outro empreendimento, conhecido como Irmãos Maristas, perto do Parque Chico Mendes, bairro Mario Quintana. Marchesan – que não é parente do prefeito Nelson Marchezan, com “z” –, diz não ver risco significativo de atraso:
– As primeiras famílias foram selecionadas, a Fraport ajudou a cadastrar. A prefeitura tem responsabilidade de fazer a adaptação, em 20 meses.
Embora admita que há resistência de alguns moradores, o diretor-geral do Demhab considera “parte do processo de estabelecimento do contraditório”. Ao receber os imóveis, as famílias se tornam proprietárias, embora não possam vender, alugar ou repassar por até 10 anos. Existe grande expectativa para ver o fim de mais um longo processo de indefinição no Estado, que pode trazer benefícios econômicos e sociais. A ampliação do Salgado Filho tem peso para a economia e o desenvolvimento. Do ponto de vista de Marchesan, também é um processo social:
– Se houvesse atraso, seria um retrocesso. Atrasaria a vida das pessoas, seu ganho de saúde e bem-estar. Reassentar comunidade de 6 a 7 mil pessoas é como mudar uma pequena cidade de lugar.
No papel, parece bastante simples. Mas se trata de vidas humanas.