Criada no final de 2013, a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) nasceu para dar mais agilidade na busca por inovação no país, unindo governo, empresas e instituições voltadas à produção de tecnologia. O presidente, Jorge Guimarães, ressalta a falta de amarras burocráticas como principal trunfo. E diz que, neste ano, será dobrado o valor investido desde o seu início.
Como avalia os cinco anos da Embrapii?
Foi um crescimento natural, principalmente pelas características do modelo: agilidade, flexibilidade e burocracia mínima. Isso atende muito ao que as empresas estão acostumadas, a discutir entre elas, sendo mais ágeis, o que não conseguem do governo. O segredo da Embrapii foi oferecer um modelo de centro de pesquisa e desenvolvimento (P&D), que seria bem aceito.
Quais os grandes números nesse tempo?
Eram 10 empresas, hoje 460. Começou com R$ 11 milhões aplicados e em dezembro batemos R$ 1 bilhão. Metade das empresas. Um terço é recurso repassado, ao longo dos quatro anos, dos ministérios da Ciência e Tecnologia e Educação. O restante é da infraestrutura das unidades. Demorou para chegarmos a esse número, mas, só em 2019, será mais R$ 1 bilhão.
O que já foi desenvolvido e está aplicado?
São 650 (projetos), 200 já terminados e 140 patentes. A principais área é de saúde. A unidade nossa é credenciada a aplicar até um volume "x", que ela mesma nos pediu. O que fazemos é ir lá discutir esse plano de ação original sobre as características do modelo. Isso é totalmente diferente de outras agências, porque normalmente não pode mudar uma linha. O nosso, não. Nós pré-selecionamos. Na última chamada que fizemos, eram cinco vagas para 85 candidaturas. Orientamos nossos consultores a selecionar um para três. Ou seja, se são cinco, vão pré-selecionar 15. Esses 15 serão visitados por técnicos nossos, consultores daquele assunto, normalmente pessoas de empresas ou universidades com afinidade com o tema. Em breve, teremos também o Ministério de Minas e Energia. Já operamos muito com minério, energia, e eles estão com problemas muito sérios com as barragens. Temos unidades competentes para a questão de barragens.
Como é a divisão do financiamento?
A Embrapii financia um terço, cash não reembolsável. É o nosso contrato com esses ministérios, que nos repassa o dinheiro para essa finalidade. A empresa é no mínimo um terço e a unidade também pode chegar a um terço, mas não é financeiro. São salários, máquinas, infraestrutura e know how deles. Valorizamos isso.
De onde saem os recursos da Embrapii?
São contratos de gestão. Inicialmente, com o Ministério da Ciência e Tecnologia e o MEC e, agora, com o da Saúde. Têm quatro querendo entrar: Agricultura, Minas e Energia, Meio Ambiente e Defesa. Querem usar esse modelo porque estão vendo que funciona. O segredo da Embrapii é não ter unidades próprias, como a Embrapa tem. Custaria caro, demoraria e poderia não dar certo. Então, optou-se por ser essa organização, selecionando quem tem essas competências instaladas. Somos uma organização social, privada, sem fins lucrativos. Temos um corpo muito enxuto de pessoas, 26, e o ganho do governo é imposto, atração de empresas para trazer inovação e patentes, no que o Brasil é muito pobre.
Qual é a atuação no Rio Grande do Sul?
Temos três unidades. O Laboratório de Metalurgia Física (Lamef) da UFRGS e dois Senais de São Leopoldo. É pouco para a qualificação que o Estado tem em universidades e institutos de pesquisa, mas está no começo.