O movimento da Caixa Econômica Federal, de cortar a taxa mínima no financiamento habitacional de 10,25% para 9%, com reduções proporcionais nas demais faixas, não é, infelizmente, uma iniciativa para derrubar os juros na ponta. Ao contrário, desta vez o banco público é que segue o exemplo das demais instituições financeiras. Vice-presidente da Associação dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira acompanha movimentos milimétricos no custo do crédito. Explica que Caixa está apenas tenta frear a perda de mercado no segmento que sempre foi sua especialidade.
Como a instituição entrou em crise severa depois da política de concessão de empréstimos que predominou nos últimos anos de governo Dilma, teve de cortar o percentual coberto por financiamento, de 70% para 50%. E não acompanhou, nas linhas habitacionais, os cortes na taxa de referência feitos pelo Banco Central.
O resultado, pondera Ribeiro de Oliveira, foi uma perda de mercado estimada em cerca de 20 pontos percentuais: a Caixa tinha mais de 70% do mercado de financiamento habitacional, e caiu a pouco mais de 50%.
– A Caixa só financiava 50% do imóvel, o que obrigava os clientes a desembolsar mais na entrada. Como muitos não podiam, outros bancos mantiveram o percentual de 70% e acabaram levando fatias do mercado que antes era da Caixa – detalha o executivo.
Nesse período, cresceu a fatia de Banco do Brasil, Santander, Bradesco e Itaú nesse segmento que, embora tenha obstáculos, ainda é um dos principais mercados de crédito do país.