A essa altura, quase todo mundo já ouviu falar em bitcoin (primeira moeda virtual, ou criptomoeda). Mas nem tantos conhecem a tecnologia que existe na origem dessa e de outras inovações no mundo das formas de pagamento, o blockchain. O assunto é complexo e ainda há poucos dados sobre investimentos no Brasil, mas sua relevância já chamou atenção inclusive da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que criou comissão e grupo de trabalho para tratar do assunto.
Segundo a curadora de conteúdo do evento Blockchain View – que ocorre no dia 19 de outubro em São Paulo –, Regina Crespo, o blockchain é a base do bitcoin para fazer transações de maneira segura. Tudo começa com a criação de um bloco (block) com as respectivas informações codificadas, como um livro de registros disponível na rede.
Assim, todos os donos de blocos anteriores, chamados "nós", podem avaliá-lo (chain). Por ser criptografado, o trabalho não é tão simples. Quem consegue resolvê-lo, o "mineiro" é recompensado com bitcoins. Se as informações forem válidas, o bloco é acrescentado à sequência e passa a carregar tanto suas informações quanto dos que o precederam. Dessa forma, é quase impossível fraudá-los.
A ferramenta não se restringe a atividades financeiras: existem estudos para aplicá-la também em sistemas eleitorais, diplomas, na validação de documentos e até mesmo em sistemas de identidade pessoal. Uma das plataformas que torna possível a programação de blockchains para diferentes finalidades é a Ethereum. No fim de agosto, o Ministério do Planejamento anunciou parceria com a Microsoft para desenvolver RG com sistema de verificação baseado nessa plataforma.
– Todo mundo está falando que esta é a quinta revolução. Como o blockchain tem a questão da distribuição dos dados, é bastante democrático e colaborativo. Ninguém é dono exclusivo, todas as informações são distribuídas. Estamos começando a destrinchar essa tecnologia agora, do ano passado para cá, mas existe muito potencial – avalia Regina.