Depois dos resultados do PIB do segundo trimestre, analistas passaram a revisar suas projeções para o crescimento neste e no próximo ano. Filho de gaúchos, Cristiano Oliveira, economista-chefe do Banco Fibra, alinha-se entre os mais otimistas. Estima alta de 1% na atividade para 2017 e nada menos de 3,7% para 2018. A coluna quis saber qual era o motivo da ousadia e ouviu a resposta: o analista diz que não é ele o confiante, os demais estariam muito conservadores.
Um dos argumentos de Oliveira é técnico: nas suas contas, o crescimento acumulado no ano garante carry over (herança estatística) de 0,47%. Quer dizer, se não houvesse avanço do PIB nos dois últimos trimestres, já estaria consolidada expansão desse tamanho, acima da média das estimativas, de 0,39%.
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Além disso, o analista destaca que a redução agressiva do juro básico pelo Banco Central terá efeito efetivo no terceiro e quarto trimestres (os cortes chegam à ponta em prazo de seis a nove meses), incentivando o crédito.
– Se o país cresceu no primeiro e segundo trimestres, ainda sem benefício total da queda do juro, é legítimo esperar mais velocidade no final do ano.
A céticos que atribuem boa parte da reação no consumo do segundo trimestre à liberação das contas inativas de FGTS, que somou quase R$ 44 bilhões, Oliveira assegura que, sim, esses recursos extra ajudaram. Mas insiste que houve efeito, ainda, da queda de inflação, do juro e do tímido aumento de renda. Pondera que o país está em fase de desestocagem. Como os níveis de estoque diminuíram antes de um período em que a indústria se prepara para produzir mais, pode haver uma benigna aceleração. Contida, mas mais animada do que se previa, insiste.
Para se vacinar da incredulidade em relação às projeções animadas, Oliveira avisa: o Fibra está entre as instituições que mais acertam estimativas recolhidas pelo BC, e seu economista-chefe não se baseia só em modelos macroeconométricos. Diz estar atento aos movimentos da economia real, no país e no Estado.