Integrante do Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (Codace), responsável por determinar início e fim de processos recessivos, o economista Paulo Picchetti avalia que já existem elementos suficientes para dizer que o fim da retração no segundo trimestre é uma possibilidade.
– Não é oficial – ressalvou Picchetti à coluna. – Mas indicadores usados para determinar entrada e saída desses ciclos estão apontando nessa direção.
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Pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), Picchetti foi um dos analistas que considerou a alta de 1% do PIB no primeiro trimestre insuficiente para definir o fim da crise. Agora, pondera que, para enterrar a recessão, é preciso esperar o resultado do indicador, em 1º de setembro, para o qual há expectativa de resultado negativo. E explica a aparente contradição: assim com a alta do período entre janeiro e março não autorizava determinar o fim da crise, porque não havia alta generalizada, mas concentração do crescimento na agropecuária, agora o número final pode ser negativo e, mesmo assim, haver sinais de disseminação da virada de sinal por vários setores.
Picchetti acompanha as variações do modelo que aponta probabilidade menor de 50% de a economia estar em recessão no fim do segundo trimestre. E traduz: probabilidade menor de 50% indica ciclo de expansão.
– A natureza da retomada está parecendo bem modesta. No melhor cenário, acabamos de sair da recessão e temos crescimento muito moderado, pouco acima de zero neste ano e perto de 2% em 2018 – avisa.
Outro indicador do adeus à recessão é o emprego, que vem a reboque da mudança de fase – é o último a melhorar. Os quatro meses seguidos de alta no Caged, diz Picchetti, são mais um sinal de fim de ciclo.