Diante do ceticismo sobre a velocidade prevista para executar um dos mais ambiciosos planos de privatização do país, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, reiterou no final da semana, quando participou de um congresso promovido pela bolsa de valores: o prazo até o final de 2018 é factível.
Claro, não se espera outra atitude do ministro, empenhado em alimentar um ambiente anêmico com negócios apetitosos.
O principal argumento de Meirelles não é sólido – "todo projeto definido claramente tende a andar com mais rapidez". No governo, por mais vontade que sobre, ainda falta agilidade, desembaraço e transparência. Embora numeroso, com 57 unidades, o pacote foi recheado de casos já em curso. Um exemplo é o das rodadas para exploração de petróleo, no final de setembro.
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São as novidades que de fato desafiam o governo: Eletrobras, Congonhas, Casa da Moeda. É de onde vem também a maior parte da arrecadação, agora revista para um potencial total de R$ 60 bilhões. Em entrevista ao jornal O Globo, Meirelles reconheceu o bom desempenho financeiro da Casa da Moeda. Desmontou o argumento opaco do colega Moreira Franco, sobre "sucessivos prejuízos" e condicionou a inclusão do órgão. Disse que, nesse caso, "não é uma decisão de privatizar, há uma decisão de estudar".
Embora tenha havido críticas e objeções, o tom não chegou nem perto da reação ao tema no passado. Boa parte da nova atitude frente à privatização se deve à Lava-Jato e a seus desdobramentos.
Depois da exposição das entranhas das negociatas, brasileiros veem estatais como focos de corrupção, usadas – por sucessivos governos, inclusive o que agora as coloca à venda – como moeda de troca, por votos ou nos mais exóticos arranjos políticos. Poucos se animam em sua defesa sem agenda específica, política ou corporativa. Essa postura só não pode resultar na falta de vigilância sobre o processo, que terá de combinar velocidade e transparência.