Aplicado o tarifaço nos combustíveis, consultorias e instituições financeiras começam a recalibrar as projeções para a inflação em 2017. A maior parte das análises indica que o IPCA será maior ao final do ano principalmente devido aumento da alíquota do PIS e Cofins sobre a gasolina, que passou de R$ 0,38 para R$ 0,79 o litro, medida que já fez postos da Capital cobrarem acima de R$ 4 ainda na sexta-feira.
A Rosenberg Associados calcula que a nova mordida do governo federal terá reflexo de 0,51 ponto percentual na inflação oficial do país. Com a ajuda do amortecimento de outros itens, o IPCA deve dar adeus a 2017 em 3,4%. Antes, a aposta era de 3%. Vale lembrar que a gasolina tem um dos maiores pesos no índice. A Gradual Investimentos vê algo semelhante. Calcula influência de 0,45 ponto. Ou seja, o IPCA antes projetado para 3,34% pode chegar a 3,79%.
A Tendências Consultoria Integrada aponta impacto de 0,63 ponto da gasolina e 0,11 do diesel e do etanol. Previa revisar para baixo suas projeções, para algo pouco acima de 3%, mas agora estima em 3,8%. A alta só não será maior pelo bom comportamento dos preços livres, como alimentos, que surpreendem pela magnitude e duração das quedas nas medições mensais. Para o Sicredi, o reflexo será de 0,63 ponto. Com isso, o IPCA será de 3,5%, ante o projetado anteriormente de 2,9%.
O modelo da MB Associados deu resultado um pouco diferente. O tarifaço terá uma repercussão de 0,5 ponto no IPCA, mas a consultoria mantém a previsão de inflação a 3% ao final do ano. Graças à contribuição de outros fatores, que devem compensar o aumento na bomba.
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A despeito da mudança nos cálculos para a inflação, o ciclo de redução do juro pelo BC não tende a ser alterado. Isso porque o quadro inflacionário segue benigno, com expectativa de índice bem abaixo do centro da meta (4,5%) em 2017 e 2018.
– Não deve afetar o próximo Copom nem o ritmo de corte ao longo do ano, visto que os indicadores de inflação continuaram surpreendendo para baixo e a atividade econômica ainda apresenta fraqueza – avalia Pedro Ramos, gerente de Análise Econômica do Banco Cooperativo Sicredi.
Ao mesmo tempo, o desemprego permanece alto e câmbio também não é fonte de preocupação. No máximo, a decisão do governo federal elimina chances de um corte mais ousado de 1,25 ponto percentual na próxima semana. A maior parte das fichas dos analistas financeiros segue depositada na redução de um ponto.
*A colunista Marta Sfredo está em férias