Em Curitiba, o clima era de duelo em plena luz do dia, mas no mercado esta quarta-feira (10) foi distendida como se nada estivesse acontecendo. Mais do que às movimentações em torno do depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao juiz Sergio Moro, os investidores prestaram atenção a uma alta específica nas cotações de matérias-primas. O principal índice da B3 – novo nome da Bolsa de São Paulo – ficou todo o dia em alta e fechou em 1,62%, aos 67.349 pontos.
Para esse quadro "tô nem aí", contribuiu a divulgação do IPCA de abril, de modesto 0,14%, ligeiramente inferior à média das expectativas. Assim que o dado foi anunciado, os juros futuros caíram, num sinal de que as projeções de corte acima de um ponto percentual no último dia útil deste mês não estão mesmo fora de cenário. O dólar chegou a recuar pela manhã, mas acabou recuperando terreno durante a tarde, para fechar em R$ 3,16.
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Depois do Itaú Unibanco e do Santander, nesta quarta-feira (10) foi a vez de a Merrill Lynch prever salto considerável no PIB do primeiro trimestre. Conforme relatório da instituição financeira, o Brasil pode ter crescido 1,3% de janeiro a março.
Embora alguns economistas de banco falem em "fim da recessão", o clima no país – dentro e fora de Curitiba – recomenda cautela. Segundo relatos de comerciantes e industriais, abril foi difícil, com 17 dias úteis – descontados os feriados e a greve da última sexta-feira do mês.
Conforme o próprio Itaú, que é ainda mais otimista – projeta alta de 1,4% no PIB do primeiro trimestre, que será anunciado oficialmente em 1º de junho –, o período de janeiro a março poderá ser o melhor do ano. E um dos primeiros analistas a preverem resultado positivo, Paulo Picchetti, da Fundação Getulio Vargas, avisou: o resultado pode interromper a série de quedas e, nem assim, representar o final inapelável da recessão.