Entre a queda de 1,8% em março, na comparação com fevereiro, e a alta de 1,1% ante o mesmo mês de 2016, a produção industrial nacional encarou o teste do copo meio cheio ou meio vazio. Mas até o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), que costuma reclamar da perda de peso do segmento na economia, optou, neste momento, pela primeira forma de ver a questão. Para o Iedi, "depois de muito tempo, a indústria voltou ao campo positivo no primeiro trimestre de 2017". Não é muito, observa a entidade, mas não é pouca coisa.
O Iedi vê a indústria "saindo do vermelho" – com tudo de bom e ruim que há no gerúndio. É um processo, ainda não chegou lá, segue com um olho no negativo mas já flerta com o azul. A entidade vê a persistência do desempenho é negativo, especialmente na indústria de transformação: queda de 0,5% frente ao primeiro trimestre do ano anterior. Mas na outra face do setor, o extrativo (minério de ferro, petróleo, biocombustível), há avanço no primeiro trimestre, frente ao período de janeiro a março de 2016, de 8,2%.
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Mesmo fazendo a distinção entre os dois grandes subsetores, com vantagem para o que extrai riqueza do subsolo ou da natureza, o Iedi aponta um dado importante: as quedas na indústria de transformação estão "mais moderadas".
O recuo de 0,5% no primeiro trimestre deste ano é quase um alívio frente ao tombo do do último trimestre de 2016 (-3,9%).
A melhor notícia é que as reações mais pronunciadas vêm das áreas que suportaram as maiores retrações nos últimos anos: bens de capital e bens de consumo duráveis. Nos dois segmentos, já se acumulam dois trimestres de resultados positivos. Claro, é mais fácil mostrar reação quando a base de comparação é muito baixa – assim como a produção e as vendas.
Na avaliação do Iedi, a trajetória "pode até configurar o início de um processo de recuperação", mas no caso de bens de capital – máquinas e equipamenetos que servem para a produção – o ritmo continua muito lento. Como definiu um interlocutor da coluna, a economia segue em andamento allegro, ma non troppo. No resumo da ópera, ainda é cedo para comemorar qualquer virada de rumo.