Faltam poucos dias para que tenha passado um ano do dilúvio de maio de 2024, mas ainda falta fazer muito para reconstruir o Estado. A perda econômica foi menor do que se temia, do ponto de vista do ritmo da atividade econômica, tanto é que o PIB do RS em 2024 subiu 4,9%. No entanto, a lacuna mais grave é na área de infraestrutura, onde ocorreram as maiores perdas de estoque de capital, ou seja, de investimento pesado já realizado, que terá de ser... refeito. Na verdade, refeito com mais resiliência, o que significa quase sempre custo mais alto.
Por isso, a coluna acompanha com ansiedade a construção das primeiras 50 casas definitivas que serão doadas a atingidos pela inundação em Muçum. No final do ano passado, a expectativa de entrega era até março, mas o mês terminou sem que muitas famílias pudessem ter um lar definitivo.
O Movimento União BR, que dedicou recursos milionários de doações à essa entrega, afirma que "o terreno escolhido apresenta desafios técnicos e exige intervenções adicionais de contenção e infraestrutura, especialmente após as chuvas que atingiram a região nos últimos meses".
O União BR destaca, ainda, que o trabalho é feito "em parceria com a prefeitura e o governo do Estado para viabilizar, o mais rápido possível, a entrega das casas no Jardim Cidade Alta 2".
A prefeitura de Muçum, também em nota, afirma que, "por se tratar de um terreno com desafios técnicos, foram feitos ajustes no projeto e na execução da obra, em parceria com o Movimento União BR e o governo do Estado".
Conforme a Secretaria de Habitação e Regularização Fundiária do Estado (Sehab), "o recebimento dos documentos técnicos finais, elaborados pela prefeitura de Muçum, deu-se em 31 de março de 2025". Só a partir de então, relata a secretaria, "providenciou os trâmites para aprovação do recurso do Funrigs (fundo formado com as parcelas da dívida que o RS deixará de pagar ao governo federal)" que deve decidir na próxima reunião do Comitê Gestor, dia 29.
Se houver aprovação, o convênio poderá ser celebrado, liberando o recurso e permitindo que a prefeitura faça a licitação e contrate o serviço. Ou seja, vai ser preciso esperar para depois de um ano da enchente.
O que é o Movimento União BR
Organização especializada em campanhas em emergências e catástrofes. Criada por Tatiana Monteiro de Barros durante a pandemia de covid-19, em 2020. Desde o dilúvio de maio de 2024, atua como repassadora de doações de grandes empresas. Construiu escolas e moradias para reparos da enchente de setembro de 2023. A organização é apartidária e não tem qualquer ligação com partido político quase homônimo.
Os principais doadores
Itaú, Itaúsa, Steelcorp, Leroy Merlin, Tramontina, Lorenzetti, Fundação Marcopolo, Instituto Leroy Merlin Obramax, Gerdau, Ulbra, Neymar Jr, Instituto Helda Gerdau, Banco Safra, Regenera RS, Banco Santander, Vakinha, Brazil Foundation, Brazil Soul Found, Siemens, Latam, FSB, C6 Bank, Grant Thornton, Suvinil, Eliane, Astra, Japi, Instituto Conceição Moura, Agência Multicase, Esmaltec, N.ideias, Siemens, Siemens Energy, Siemens Healthineers, Siemens Caring Hands, Febraban, Vedacit, Vibra, Esportes da Sorte, Fundação Amor Horizontal, VNP Advogados, Fabio Cury, Instituto Oliva, Instituto PHI, Movimento Bem Maior, Instituto da Criança, Parque Caracol, Grupo Iter, Mirolog, Instituto Mulheres em Construção, Brewing Hope for RS, Hops Company, Seguradora Zurich e Previdência Zurich Santander.