Está mesmo complexa a tentativa de garantir o futuro do polo naval de Rio Grande. Além de sucessivos sinais de que a produção nacional de plataformas deve se tornar inviável, porque a Petrobras não quer arcar com o custo extra e os atrasos que associa à exigência de conteúdo nacional, agora problemas específicos do Estado ameaçam até as atividades que tinham perspectiva de resgate do naufrágio do segmento.
Mesmo animados com o sinal do presidente da estatal, Pedro Parente, de que pode ser possível manter a operação de montagem e integração de módulos no Brasil, empresários do setor fazem um alerta. O custo de operação de praticagem (acompanhamento para entrada e saída de embarcações) no porto de Rio Grande é pelo menos cinco vezes mais alto do que em qualquer outro local do Brasil. Da última vez em que houve movimentação de plataformas, o valor foi de R$ 250 mil por hora de trabalho.
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Conforme avaliação de representantes dos clientes, nem astronautas da Nasa que foram à Lua ganharam tanto por hora de trabalho. A estimativa é de que só a entrada da última plataforma que atracou em Rio Grande tenha custado mais de R$ 1,7 milhão por pouco menos de oito horas de praticagem. O receio dos rio-grandinos comprometidos com a defesa do polo naval é de, com mais esse problema, a integração corra o risco de zarpar para outros portos.
Assim, existe risco de que as plataformas sejam concluídas em outro local. Isso esvaziaria o polo naval gaúcho e reduziria ainda mais o número de empregos na região. O problema é que pode sair mais barato alugar áreas de estaleiros fluminenses, por exemplo – há muitas áreas ociosas em decorrência da crise do segmento.