Sem muitas garantias de que o Planalto vá afrouxar a rédea e incluir projetos de carvão nos próximos leilões de energia, empresas do setor e o Piratini tentam encontrar uma alternativa para o minério gaúcho. Um dos caminhos possíveis foi anunciado sexta-feira após encontro da direção da Copelmi, maior mineradora do país, com o governador José Ivo Sartori: a instalação de um parque carboquímico na região do Baixo Jacuí. Se sair do papel, o projeto que prevê a produção de gás natural no Estado resolveria – ou pelo menos amenizaria – de uma só vez três problemas:
1. A poluição seria menor. Ao apostar no uso do carvão verde (gaseificação do minério para comercialização de gás natural), a indústria causa menos prejuízos ao ambiente em comparação às termelétricas tradicionais que queimam o minério.
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2. Não haveria mais dependência da boa vontade do Planalto. Como o fornecimento de gás é realizado por licitação estadual, e não por leilão, seria uma solução "caseira" para o minério gaúcho.
3. Redução de risco de desabastecimento. Em dois anos, vence o contrato com a Bolívia para fornecimento de gás ao RS. Além de aumentar a arrecadação de ICMS, a produção local traria mais segurança da entrega do insumo.
O entrave? O mesmo de sempre. Recursos.
Foi apresentada a intenção de parceria com a coreana Posco, que seria a responsável por construir e garantir o funcionamento da planta. Também traria 30% do investimento necessário – estimado em US$ 4,4 bilhões (cerca de R$ 13 bilhões).
A própria Copelmi entraria com uma outra parte. Mas seria necessário buscar novos investidores privados, já que desde outubro o BNDES não financia a juros subsidiados empreendimentos que não sejam de "energia limpa". Para não virar fumaça, é preciso que interessados apareçam.
*A colunista Marta Sfredo está em férias