Embora tenha vindo depois do Natal, a regra que permite cobrar preços diferentes à vista e a prazo animou comerciantes. A recomendação do presidente do Sindilojas Porto Alegre, Paulo Kruse, é para colocar os descontos em prática logo. Avisa que o tamanho vai depender do porte de cada loja, porque o custo do cartão de crédito para grandes redes é menor (entre 1,5% e 3%), enquanto para o pequeno comércio é mais alto (entre 3% e 5% ao mês). E dá uma dica preciosa, e inusitada:
– Se o desconto for menor do que 5% à vista, tem de bater o pé.
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Presidente da Associação Gaúcha para o Desenvolvimento do Varejo (AGV), Vilson Noer considera a medida uma nova fase para a livre iniciativa no Brasil. Pondera que os pequenos comerciantes eram os mais prejudicados, por depender mais de capital de giro, para pagamento de fornecedores e de empregados. Além do custo maior das transações com o cartão, costumavam fazer operações de antecipação nos bancos, o que embutia outro custo sobre o pago às intermediárias e às administradoras. E avalia:
– A medida dá ao cliente a chance de negociar a compra, e ao comerciante, de antecipar o recebimento com custo menor.
Entidades de proteção ao consumidor consideram a regra abusiva e temem que seja uma desculpa para aumento dos preços no cartão. Se com os preços atuais o comércio está vendendo pouco, imagine-se com eventuais reajustes sem justificativa. Além disso, a medida embutia uma distorção considerável: por não permitir diferença de preços, ao menos formalmente, incentivava o uso do cartão de crédito em um país com dificuldade de administrar dívidas. O fim da restrição pode contribuir para desfazer a "síndrome do calote" que trava a recuperação da economia. É uma gota no deserto, mas hidrata. Para que se torne aliada, e não adversária do consumo, precisa vigilância e cobrança do consumidor. Como significa custo menor, tem de virar desconto, não aumento.