Quando a coluna publicou a informação de que Porto Alegre teria mais um shopping, na Avenida Nilo Peçanha, resultado de investimento da Astir, braço imobiliário do Grupo Isdra, os leitores mandaram dúvidas sobre o empreendimento e a empresa, em comentários no site e e-mails. Ao encontrar Eduardo Isdra Zachia, que assumiu a presidência em janeiro, a primeira surpresa: o visual hipster do doutor em Filosofia de 37 anos.
O descendente de gregos – Isdra é uma corruptela de Ezdras, detalhou – com imagem e formação pouco usuais ponderou que boa parte do estilo de fazer negócios do grupo tem origem na personalidade do avô, Alberto. O que passou a constituir os valores da empresa será mantido, mas Eduardo está determinado a modernizar pontos específicos da forma de atuação do grupo que fatura cerca de R$ 1 bilhão ao ano.
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BRAÇO IMOBILIÁRIO
A Astir representa menos de 10% dos negócios do grupo. Inclui a rede Master de hotéis e projetos residenciais e comerciais, como os shoppings da Nilo e o do bairro Floresta, ao lado do hotel Cosmopolitan, na Félix da Cunha.
– Temos bastante coisa parada, o que é bom porque dá bastante material para trabalhar – admite Eduardo, sem rodeios.
O shopping da Nilo terá uma torre de 13 andares, mas entre 2019 ou 2020, e não será um hotel. Antes, entrará em operação em fases, e não terá características similares às dos três na mesma área. E avisa:
– Serão três ou quatro grandes lojas.
Na região, a Astir deve fazer em torno de seis lançamentos de prédios em 2017. "Quando for estratégico", desconversa.
O CASO FLORESTA
Um dos casos mais embrulhados é o do shopping previsto para o bairro Floresta, ao lado do hotel Cosmopolitan. Eduardo confirma que houve problemas durante a fase de escavações, mas o que realmente suspendeu a obra foi a demolição parcial de casas na Avenida Mercedes, paralela à Felix da Cunha. Como as edificações eram protegidas, foi preciso um restauro, segundo Eduardo, "feito sem critério", o que provocou a interrupção da tramitação da licença para o shopping. Rendeu multa, já negociada e com pagamento encaminhado.
– Ficou dois anos e meio parado – suspira, observando que as casas restauradas de forma adequada poderão se transformar em uma espécie de área de alimentação alternativa do shopping. Que, sim, vai sair, mas terá de 'entrar na fila' dos projetos da Nilo.
PESO INDUSTRIAL
A maior parte do faturamento do Isdra vem da indústria. A Fibraplac, em Glorinha, com duas linhas de MDF e uma de MDP, responde por cerca de 60%, e a Isdralit, de telhas de cimento-amianto (calma!), com cerca de 30%.Como todas as indústrias do segmento, está implantando um substituto para o banido amianto, apontado como produto carcinogênico. A troca está sendo feita por PVA (polialcool vinílico).Segundo Eduardo, as duas sofreram com a crise, o que exigiu um "pequeno enxugamento" de pessoal. Brinca que parte de sua herança é a característica do avô de operar com "caixa mínimo e baixa remuneração ao acionista", e que está fazendo uma "perestroika" no grupo sem "violentar a personalidade" da empresa.