Amaior quedadesde janeiro de 2012 na produção industrial de agosto (3,8%) parece levar o Brasil de volta ao coração da crise. A dúvida é se é só um susto ou uma inflexão. O segmento que mais puxou o indicador para baixo foi o de veículos automotores, reboques e carrocerias, que engatou 10,4% na marcha à ré. Área importante para a indústria gaúcha, abre perspectivas pouco animadoras, mas será mais uma variável a ser avaliada com cuidado na decisão do Banco Central sobre quanto cortar no juro básico.
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Esperança no estoque
Pesquisadora da Fundação Getulio Vargas (FGV), Tabi Thuler considera "pontual" o recuo de 3,8% em agosto. Aponta a retomada da confiança em setembro e a redução de estoques como dois motores para reacelerar as máquinas. Detalha que cerca de 70% da baixa está relacionada a recuos em alimentos e veículos. O Indicador de Confiança da Indústria (ICI) também teve cinco meses seguidos de alta e caiu em agosto. Em setembro, voltou a subir. Além disso, os estoques, antes lotados, estão perto de chegar ao patamar normal. Por isso, a produção industrial de setembro deverá crescer, mesmo sem compensar a baixa do mês anterior.
Luz laranja acesa
Economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial, Rafael Cagnin avalia que acendeu a luz laranja no setor. Embora concorde que a queda foi determinada por poucos setores, pondera que o tombo de 4,3% no segmento de bens intermediários dá um recado preocupante. Como parte da reação veio com a alta do dólar, lamenta a revalorização do real. Diz que o cenário é de “bastante cuidado”, porque ainda reflete mais “estabilização da crise” do que recuperação. Teme uma inflexão na trajetória por falta de “elementos dinamizadores adicionais” e aponta a possível redução do juro, prevista para o dia 19, como um alento.