Tudo bem que o mercado de trabalho é um dos últimos indicadores a reagir quando há reversão de ciclo da economia, mas o número de vagas destruídas no Brasil em junho, bem acima do esperado, tem o efeito de um balde de água fria nos mais otimistas. Foram 91 mil empregos formais perdidos, ante 72,6 mil em maio. Com alguns sinais da economia real deixando de piorar e outros mostrando leve melhora, esperava-se saldo negativo, mas menor.
A aposta do mercado, expressa em uma mediana da opinião de economistas, era de 58,7 mil postos de trabalho eliminados. A mais pessimista – superada pela realidade – era de 80 mil. Para a Fundação Getulio Vargas (FGV), a expectativa era de um saldo negativo de 48 mil vagas. À exceção da agricultura e administração pública, todos os setores tiveram desempenho negativo no mês. Os números do Caged, do Ministério do Trabalho, mostram que, na comparação entre os meses de junho, foi um resultado pior apenas do que o ano passado, quando a economia brasileira estava em queda livre.
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– Para quem imaginava que estávamos em um momento de início de recuperação, os dados são desanimadores. Foi uma surpresa negativa. Temos de esperar mais alguns meses para ver se isso reflete tendência ou foi apenas ponto fora da curva – avalia Bruno Ottoni, especialista em mercado de trabalho da FGV.
Para o Rio Grande do Sul as notícias também não foram boas. Fomos o terceiro Estado com o pior saldo. A economia gaúcha fulminou 10,3 mil vagas formais em junho. Nem a agricultura escapou do resultado negativo. O único setor a criar postos foi a administração pública – justamente área que é considerada a mais inchada.
*A colunista Marta Sfredo está em férias