A pressão pela retomada das obras da segunda ponte sobre o Guaíba reabriu uma antiga discussão no Rio Grande do Sul: essa é a prioridade em infraestrutura? Por um lado, pela ponte passaria boa parte da produção no Estado. De outro ponto de vista, seria uma estrutura duplicada em um cenário no qual faltam obras emergenciais. A coluna consultou dois especialistas que acompanham o tema com dedicação e paixão. Nenhum considera a ponte a prioridade número 1 do RS, mas ambos a incluem, ao menos, em uma lista das cinco principais.
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Vamos aos argumentos. Ronald Krummenauer, diretor executivo da Agenda 2020, avalia que a ponte "é uma das prioridades", mas o que determina a urgência na sua conclusão é o fato de a obra já ter iniciado, com alocação de recursos, e o risco que representa a atual estrutura do vão móvel:
– Somos tão carentes em tudo, em termos de infraestrutura, que temos 10 prioridades. Mas entre 80% e 90% da produção gaúcha passa pela Região Metropolitana, e não há outra alternativa viável para escoamento.
Paulo Menzel, coordenador do Fórum de Infraestrutura da Agenda 2020, pondera que a atual estrutura tem tecnologia defasada, está empenada devido ao choque de um navio em 2008 e subdimensionada para a demanda. Quando a ponte original foi projetada, havia três içamentos na semana, o que hoje ocorre em um dia, diz Menzel:
– Não é a prioridade número 1, mas é uma obra vital para o Estado. Os gaúchos correm o sério risco de que o vão trave, não suba ou não desça. Nesse caso, o único acesso à Metade Sul, e em consequência, ao porto de Rio Grande, seria com uma grande volta em Santa Maria ou por Pantano Grande.
Entre as prioridades da infraestrutura, para Krummenauer, estão a duplicação da BR-116 entre Porto Alegre e Rio Grande e a ligação entre a Capital e Caxias do Sul. Para Menzel, o topo absoluto da lista de necessidades é da extensão da pista do aeroporto Salgado Filho. Embora não seja causa de acidentes ou transtornos visíveis, pondera o especialista, embute o que chama de "maior custo de não fazer". Não ter 920 metros adicionais para pousar ou decolar do terminal, argumenta, provoca perdas anuais de R$ 13 bilhões para a economia gaúcha.
Ainda antes da segunda ponte, para Menzel, viriam a duplicação da BR-116 entre Porto Alegre e Novo Hamburgo, segundo ele o segundo maior gargalo logístico do Brasil, atrás apenas da Avenida Brasil, no Rio de Janeiro. Ambos ponderam, ainda, que se as obras não forem retomadas logo, há risco de perder o que já foi investido.