A confirmação dos dois nomes mais ''notáveis'' para o time capitaneado pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, vai comprar mais simpatia e paciência do mercado, que já se impacientava com a falta de definições. Ilan Goldfajn (pronuncia-se Ílan Goldfáin) na presidência do Banco Central (BC) e Mansueto Almeida na Secretaria de Acompanhamento Econômico – não no Tesouro, como chegou a ser cogitado – adicionam dois componentes fundamentais a um time que tem de lidar com alto grau de complexidade de cenário: conhecimento técnico e capacidade de comunicação.
Um dos motivos da demora – a definição estava prevista para sexta-feira, foi adiada para segunda e outra vez para a manhã desta terça – foi a solução para a perda de status de ministério da presidência do BC. Conforme anunciado por Meirelles, a solução será mesmo uma proposta de emenda constitucional (PEC) que dará prerrogativa de foro para toda a direção da instituição.
De quebra, a mesma PEC dará ao BC ''autonomia técnica''. A figura é menos ambiciosa do que a independência, que prevê mandatos fixos, mas vai além da situação subalterna que a instituição tinha até agora. A independência seria o mundo ideal, na visão do mercado, mas corresponderia a abrir mão da gestão de reservas de US$ 370 bilhões em um país com as contas federais em situação precária.
Alguns cargos, entre os quais a cadeira mais quente do Planalto, a da Secretaria do Tesouro Nacional, responsável pelo gerenciamento direto do déficit, permanecem sob o comando dos titutalares anteriores. No Tesouro, Otávio Ladeira – e a brincadeira que relaciona a situação das contas públicas com seu sobrenome – vai ficar mais algum tempo, até se encontrar substituto. Na economia, ao menos, a promessa de notáveis está bem encaminhada, reforçada pela presidência do BNDES entregue à economista Maria Silvia Bastos Marques. Faltam, ainda, as indicações para os quatro bancos públicos sob comando da Fazenda – o BNDES é do Planejamento –, Banco do Brasil, Caixa Federal, Banco da Amazônia e Banco do Nordeste. Meirelles segue repetindo o que até ele já chama de ''mantra'': devagar que estou com pressa.