Se tudo começou pela queda de confiança, é desse fator que vai depender a expectativa de melhora na economia com a mudança no cenário político. Com o provável afastamento da presidente Dilma Rousseff definido nesta quarta-feira pelo Senado, sai de cena o mau humor em relação à presidente do mercado financeiro e de boa parte do empresariado, engajado desde cedo nas mobilizações pró-impeachment.
Responsável pelos indicadores que começaram a definir a crise, os de queda de confiança do empresariado, o economista Aloisio Campelo, coordenador de Sondagens Conjunturais do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), mudanças em tempos de crise geram o que chama de ''efeito lua de mel''.
Campelo trabalhou em projeções do efeito da troca de guarda no Planalto no ânimo empresarial e o que ''especulou'' – palavra que prefere – é a melhora do indicador até a fronteira da neutralidade, sem alcançar, ainda, o terreno positivo. O economista aponta sinais de melhora efetiva, como a desaceleração da inflação que abre espaço para a redução do juro e a própria estabilização nos níveis de confiança:
– Estão no fundo do poço, mas pararam de piorar. Isso já está acontecendo.
Mesmo especializado em medir a confiança, Campelo adverte que a melhora da percepção empresarial só se sustenta com base em indicadores concretos, como vendas, produção e emprego. Essa reação, adverte, vai depender, em primeiro lugar, da redução da incerteza, que passa pelo anúncio de medidas e do respaldo do Congresso à aprovação das iniciativas, e, em segundo lugar, da qualidade dessas medidas.
Raul Velloso, experiente ''fiscal'' das finanças públicas, avisa que o ajuste será o principal desafio nos próximos anos, para o qual um sinal consistente de desenho da solução melhora a perspectiva. Alexandre Barros, especialista em risco político, pondera que a ajuda do investimento externo virá se o país mostrar transparência e seriedade.