Apertados entre as dívidas e o aumento do desemprego – que atingiu percentual de dois dígitos mais cedo do que o esperado –, os consumidores brasileiros estão cada vez mais cautelosos em ir às compras. Segundo levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a intenção de consumo das famílias atingiu, em abril, o menor patamar já registrado pela entidade.
Na comparação com o mesmo mês de 2015, momento em que a crise começava a se aprofundar, o índice caiu 28,8%. Nesse cenário, a CNC projeta que, em 2016, o volume de vendas do varejo apresente retração de 4,5% no conceito restrito e de 8,8% no varejo ampliado, que inclui os setores de automóveis e materiais de construção.
Na avaliação de Juliana Serapio, assessora econômica da entidade, a recuperação do consumo e, consequentemente das vendas do comércio, passa pelo mesmo fator que tem segurado o investimento das empresas e entravado a economia como um todo: a estabilização do quadro político.
Mesmo, assim, conforme Juliana, a retomada não deve ser imediata.
– Vai demorar bastante a refletir no consumidor, porque a confiança está muito baixa e a instabilidade está muito alta.