O receio de uma segunda-feira sangrenta nos mercados globais devido à reabertura das bolsas chinesas – fechadas durante toda a turbulenta semana passada devido às comemorações do ano-novo lunar – não se confirmou graças a sinalizações das autoridades monetárias. No Velho Mundo, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, mostrou que está no horizonte a adoção de mais estímulos para tentar revigorar a economia. E a China surpreendeu. Enquanto temia-se que o país anunciasse nesta segunda uma forte depreciação do yuan, foi na direção oposta e a moeda local foi valorizada em mais de 1% em relação ao dólar – maior alta desde 2005.
Seja por aceno ou por ação, os bancos centrais começam a buscar respostas aos desafios destacados semana passada, quando ganhou corpo no mercado internacional o receio de que não conseguissem mais lançar mão de medidas capazes de reverter a desaceleração da economia. Na China, as bolsas tiveram as perdas amenizadas pelo anúncio e a Europa teve um dia de forte alta, melhorando o humor dos investidores até no Brasil.
Ao contrário da situação brasileira, onde as projeções para a inflação crescem a cada semana a despeito do cenário recessivo, na Europa a luta é para elevar os preços, o que seria um reflexo de aceleração da economia. Em um ano até janeiro, o índice oficial da zona do euro está em 0,4%, distante da meta de 2%. O quadro da atividade na China perdendo fôlego e o preço do petróleo em queda, no entanto, jogam contra. Assim, o BCE avisa que pode revisar a sua política monetária em março.
Semana passada, as autoridades do Japão colocaram o juro em patamar negativo – algo inédito no país. Na Suécia, a taxa foi alterada de -0,35% para -0,5%. A mesma tática havia já havia sido implementada em 2014 pelo BCE, que, além disso, iniciou no ano passado programa compra de títulos similar ao utilizado pelo Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) nos anos pós-crise, que tem como objetivo estimular a economia do continente.
O próprio Fed, um dos poucos caminhando no sentido contrário, informou que o aperto monetário iniciado em dezembro será ainda mais gradual do que o planejado anteriormente. Foi além. Em depoimento a uma comissão de senadores, a presidente da instituição, Janet Yellen, recomendou aos grandes bancos que considerem, nos seus testes de stress, a possibilidade de juros negativos na economia americana.
* Interino da coluna +Economia. A titular, Marta Sfredo, está em férias.