Na semana em que a credibilidade da condução da política econômica ficou outra vez em xeque, pelas reviravoltas do Banco Central na comunicação com o mercado, também foram reforçados os sinais de que o governo pensa, seriamente, em adotar medidas de estímulo para tentar amenizar a recessão.
Em Davos, na Suíça, o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, aproveitou a deixa de uma pergunta sobre a atual capacidade de absorção de crédito na economia brasileira para confirmar que vai “levar o cavalo à água para ver se ele quer bebê-la”. A resposta veio em reação à pergunta sobre a eficácia da expansão do crédito em momento que que não há demanda por financiamento. Um conhecido provérbio sobre estímulos econômicos diz: “Pode-se levar o cavalo até a água, mas não obrigá-lo a beber”.
A economia brasileira é um cavalo sedento, mas amedrontado. Teme que, em torno da fonte, exista areia movediça e corra o risco de se afundar, como ocorreu no passado. Não havia sede em 2011, quando o BC surpreendeu o mercado com o início de um ciclo de baixa que levou o juro básico a seu piso histórico (7,25% ao ano) quase um ano depois. Isso que, na época, havia recursos para bancar várias formas de estímulo a uma economia desconfiada.
Barbosa esclareceu que a aposta é dar crédito para investimento, não para consumo, mas também confirmou que está em estudo o uso da multa do FGTS como garantia de empréstimo consignado em caso de demissão.
No início do mês, a Fenabrave, que representa as concessionárias de veículos, chegou a anunciar que, até o final deste mês, seria anunciado o plano de renovação da frota, que tiraria de ruas e estradas caminhões com mais de 30 e carros com mais de 15 anos. Parecido com o Cash for Clunkers (dinheiro por sucata), adotado nos Estados Unidos no auge da crise de 2008, teria objetivo de devolver esperança a revendas e a montadoras.
Para levar um cavalo sedendo, mas desorientado, até a água, é preciso sinalizar o caminho com clareza e reduzir os riscos de afundamento da areia movediça. A questão é se esse caminho está pavimentado. Em tese, a viagem até a fonte pode começar na próxima quinta-feira, quando o governo retoma as reuniões do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão. A antigos e novos integrantes, o Planalto promete confirmar as primeiras medidas de estímulo do segundo mandato de Dilma Rousseff e mostrar disposição para fazer as tão pedidas quanto complexas reformas estruturais. 2016 vai começar?