Desde o final de 2014, os tradicionais votos de boas festas ganharam novo formato quando havia a presença de um economista ou de um empresário. Diante das previsões de um mau desempenho em 2015, a saudação de final de ano saltava o calendário. Como a realidade se mostrou ainda pior do que as perspectivas, o final de 2015 foi ainda mais inusual. A grande maioria não ousou sequer saltar mais um ano. E os votos se estenderam ao menos até o limiar da nova década, dependendo de quando o interlocutor projetada a retomada do crescimento para a economia brasileira. O presidente da Federasul, Ricardo Russowsky, radicalizou:
- Feliz... - desejou a quem compareceu ao encontro final da agenda da entidade.
Empresários gaúchos contam o que 2015 trouxe de bom
Independentemente de quando o Brasil voltar aos eixos, a coluna deseja aos leitores um 2016 de muita luta e muita diversão, sem perder o humor, a paciência e a elegância.
...2016
Ricardo Amorim, economista
Na medida em que a economia foi afundando ao longo de 2015, ficou cada vez mais complicado esperar algum aspecto positivo em 2016. Contudo, o economista Ricardo Amorim argumentou, em evento em Porto Alegre no início de dezembro - que ainda em 2016, "a economia vai ter um desempenho melhor", embora o crescimento deva vir só no final do período. O economista avalia que a inflação deve acelerar a trajetória de queda ao longo do ano, o que poderia aliviar o juro alto e incentivar o crédito e o consumo.
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...2017
Marcelo Portugal, professor da UFRGS
No início de dezembro, o economista, que também é consultor da Fecomércio, já dizia que o Brasil está atravessando a maior recessão desde aos anos 1930, tanto em duração quanto em intensidade. À coluna, detalhou:
- Eu gostaria de desejar Feliz 2016, mas se fizesse isso, iria mentir. O ano ainda vai ser difícil. Acho que mais para o fim, a gente começa a se recuperar, então dá para desejar um Feliz 2017. Moderadamente, mas feliz porque como 2015 e 2016 vão ser muito ruins, qualquer coisa que se tenha de crescimento em 2017 vai ser uma felicidade.
...2018
José Galló, presidente da Lojas Renner
Mesmo com lucros elevados na Lojas Renner em 2015, o presidente da empresa, José Galló considera "ilusão" pensar em recuperação da economia brasileira no curto prazo.
- A falta de confiança, agravada pela crise política, deve impedir uma retomada antes de 2018 - opina o executivo.
Galló avalia que um desfecho mais rápido do processo de impeachment não tem poder para acelerar a volta do crescimento. Ainda assim, lembra que não é momento para conformismo, e argumenta que as empresas têm de estar dispostos a reagir à crise.
The Economist: obviedades e alguns equívocos
...2019
André Azevedo, professor da Unisinos
Para o economista da Federasul, a recuperação anda de mãos dadas com o desfecho do pedido de impeachment - e não só com a duração do processo, mas também com o resultado. Azevedo traça dois cenários, projetando desdobramentos da permanência de Dilma Rousseff no Planalto ou de sua saída antecipada. Segundo o economista, se Dilma ficar não haveria alteração da política intervencionista, e o país só começaria a melhorar em 2019, em uma nova administração. Caso houvesse impeachment, até poderia haver um Feliz 2018.