É inevitável a mudança na agenda de discussões dos líderes do G-20 reunidos neste domingo na Turquia. Os ataques coordenados em Paris mostram que o Estado Islâmico (EI) está mais perto, é mais forte e mais bárbaro do que já mostraram degolas e outros cruéis assassinatos, além da destruição de monumentos históricos.
Mesmo instalados em Antalya, de frente para o Mediterrâneo, na cidade que atribui sua criação a uma tentativa de encontrar o ''paraíso na Terra'', chefes de Estado de 37 países estarão a cerca de 700 quilômetros da fronteira com a Síria – 900 quilômetros de territórios do EI.
Na parte mais exposta, foi construído um muro de 150 quilômetros. É um dos muitos erguidos depois da queda do de Berlim. Outros começaram a ser levantados com a crise dos refugiados, na nova fase de fechamento de fronteiras entre os países libertados dessas barreiras pela criação da União Europeia (UE), resposta a sucessivas guerras entre europeus.
Muros não detêm terroristas.
A UE é um bloco econômico, mas foi a versão do século 20 da busca do paraíso. É essa perspectiva que atrai massas de fugitivos da mesma barbárie que crivou de pavor abrigo.
Mas o que o G-20 pode fazer, além de declarar guerra, fechar fronteiras, erguer barreiras e elevar a segurança à beira da paranoia? O que enfraqueceu a Al-Qaeda não foi a morte de Osama bin Laden, mas o corte dos canais para seu financiamento. Nas veias do Califado corre o sangue negro do petróleo extraído de campos que domina. O Financial Times estima que signifiquem US$ 1,5 milhão diários para financiar cooptação, treinamento e compra de arma. Estancar esse fluxo pode sufocar a tirania que coube ao batalhão da humanidade enfrentar no século 21.