A democracia surgiu como uma forma de governo inovadora a partir de assembleias de cidadãos, em Atenas, nos séculos IV e V antes de Cristo. Reunidos em praça pública, dezenas de vezes ao ano, os homens livres decidiam todos os temas de importância, da guerra aos impostos. Não se concebia que mulheres e escravos participassem da polis, entretanto. Umas e outros eram vistos como seres "da necessidade", confinados à esfera privada da existência; literalmente privados do essencial, a liberdade. A política se confundia, então, com a vida digna, lembrança que oferece um contraste radical com o ideal contemporâneo de uma vida completamente alienada dos temas de relevância pública e que parece só encontrar sentido na esfera privada. Para executar as decisões tomadas coletivamente, os gregos designavam cidadãos usando com frequência o recurso do sorteio. Com a medida, procuravam evitar que alguém tentasse se sobrepor aos demais ou usurpar o poder.
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