“O Irã cometeu um grande erro”, disse o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, horas depois do ataque com 180 mísseis, na terça-feira passada. Responsável pelo governo que não antecipou o maior atentado terrorista sofrido na história de Israel, Netanyahu entende de erros. No caso iraniano, acertou em cheio. Com o disparo dos mísseis, o regime dos aiatolás legitimou aquilo que Israel vinha retardando: uma resposta capaz de alterar o cenário militar e político do Oriente Médio.
O país está dividido entre fanáticos religiosos e aqueles que querem um Irã em paz com o Ocidente
Com o Hamas nocauteado, o Hezbollah de joelhos e a imagem já desgastada de qualquer maneira, Israel tem as mãos livres para se ocupar de quem patrocina os grupos terroristas que ameaçam a existência do Estado judeu. Nas próximas semanas, o regime dos aiatolás, que trata Israel como “territórios ocupados”, terá de lidar com as seguintes opções de resposta israelense.
- Plataformas de mísseis – alvos prioritários. Serão visadas na primeira leva, bem como os centros de radares e de controle de lançamentos. Grande parte do sistema iraniano, contudo, está baseada no subsolo e em plataformas móveis. Uma porção significativa do arsenal poderá resistir e ser empregada em novo ataque a Israel.
- Eliminação das lideranças – se Israel for por esse caminho, perderá tempo. Não faltam aiatolás radicais no Irã e o atual presidente, Masoud Pezeshkian, tenderia a ser substituído por um extremista. Para Israel e para o bem da humanidade, o ideal seria a derrubada de uma ditadura que apoia terroristas, mata e encarcera adversários e sonega direitos às mulheres. Para isso, é preciso fazer o regime sangrar em popularidade ao ser humilhado militarmente e obrigado a desviar cada vez mais recursos para suas forças militares, Hamas, Hezbollah e Houthis, no Iêmen.
- Centrais nucleares – um alvo óbvio, de alto risco e complexidade. É o prêmio mais desejado por Israel e vizinhos que justificadamente rejeitam um Irã com arsenal atômico. No entanto, os centros de enriquecimento de urânio são subterrâneos e vazamentos nucleares poderiam criar muitas Chernobyls, atingindo toda a região. Podem ser alvo de sabotagens.
- Refinarias e centrais elétricas e de comunicações – alvos prováveis, mas a destruição de instalações petrolíferas faria disparar o preço do petróleo e dar novo golpe na imagem e no apoio a Israel.
Seja a combinação que for, o Irã tem um enorme problema pela frente. O país está dividido entre fanáticos religiosos e aqueles que querem um Irã em paz com o Ocidente. O fim do regime dos aiatolás é uma das três condições para a paz no Oriente Médio — as outras são o reconhecimento generalizado de Israel e a criação de um Estado palestino. As duas últimas não existem sem a primeira.