Se você for negociar com japoneses, a sua atitude deve ser diferente. É uma cultura diferente da nossa. Porque eles aceitam algo que brasileiros não aceitam: o silêncio numa conversa.
São aqueles intermináveis segundos entre uma fala e outra. Os japoneses, claro, têm a sua explicação: eles estão pensando antes de falar. Leia uma professora de Linguística da universidade de Georgetown, Debora Tannen, nos EUA: “A cultura japonesa entende que, se você precisa das palavras, é porque você fracassou em entender o outro. Ou seja: você está usando as palavras como forma de solucionar um problema de comunicação”.
Mas voltemos à “nossa opinião”. E aí me agarro em dois pilares da sociedade. Primeiro: a ciência. Muitos estudos de diversas áreas de conhecimento se atracaram a entender como o mundo funciona depois das redes sociais.
O problema é que esses estudos dizem que quase nenhuma opinião consegue mudar a opinião de outra pessoa. Preste atenção nesse verbo da pesquisa: mudar. A sua opinião vai chegar em outras pessoas. Ela pode deixar pessoas felizes. Ela pode se espalhar, inclusive, entre milhares ou milhões de pessoas, mas ela dificilmente vai mudar uma opinião diferente.
Você vai apenas alimentar sua bolha. Como aspecto de tribo, tudo certo. Seus amigos entregarão um troféu no próximo encontro, seu público internético dirá que você é genial, mas mudar a cabeça de alguém não vai rolar. Infelizmente... Ou seja: sua opinião não mudou o mundo.
O que fazer? Entender dolorosamente a nossa insignificância. Os algoritmos vão continuar adorando nossas tretas, raivas e pauladas internéticas. Os bilionários do Vale do Silício vibram com cada comentário destrutivo, cada vídeo cheio de certeza lançado em suas redes. Pra eles, grana. Muita. Pra nós, cansaço de dar soco em ponta de faca e depois gastar no divã com psicólogo dizendo que se afastou de amigos e está sozinho por causa de “algumas opiniões que andei soltando nas redes e grupos de WhatsApp”.
O segundo pilar é o conhecimento de observação do mundo que só os mais vividos, os mais velhos, experientes e, portanto, mais serenos, podem ter. E aí cito um deles: Millôr Fernandes: “Com muita sabedoria, estudando muito, pensando muito, procurando compreender tudo e todos, um homem consegue, depois de mais ou menos 40 anos de vida, aprender a ficar calado”.