Meus filhos estão no judô. Eis que numa manhã de sábado vivemos o primeiro torneio da vida do mais velho. Treino é jogo e jogo é guerra! Será?
O ginásio estava cheio de atletinhas, pais e mães, irmãos e irmãs, vovôs e vovós, parentes, amigos, e meu filho estava lá embaixo, nos tatames. Minha expectativa era imensa, mas estava vivendo a calmaria de ser um pai controlado e zero competitivo.
E eis que ele é chamado para o primeiro combate. Minhas mãos? Suavam. De repente, um troço ruim bateu com tudo. Estava torcendo para o meu filho vencer. Por ippon! Dar uma surra! Ele precisava acabar com aquele outro piá. Era só focar, dar tudo de si, repetir o que aprendeu nos treinos e ser campeão.
Mas não era a manhã dele... Os golpes não entravam... A velocidade de reação contra as entradas dos outros judocas não estava ideal... E... Meu filho perdeu... As duas lutas.
Cinco segundos depois da segunda derrota e da eliminação, eu parei. Falei comigo mesmo: “Não seja um completo idiota”. Mas tinha algo muito grande dentro de mim... Fui lá embaixo pegá-lo e mostrei o vídeo pro professor dele. Queria entender o porquê das derrotas. Bom... O professor foi um mestre. Enquanto olhava o vídeo da luta, gravado pelo pai babaca aqui, ia elogiando meu filho. A tentativa de golpes, os porquês de não darem certo. Mas ele estava feliz da vida porque meu filho tentou algumas coisas que ele estava aprendendo. Acabou o vídeo.
E eu saí do transe em que já estava querendo discutir com a arbitragem.
Meu filho ainda brincou alguns minutos com coleguinhas. Saímos do ginásio, entramos no carro, os dois sorridentes, e ele me perguntou:
— Papai? Você está triste porque eu perdi?
Eu disse, genuinamente, que não estava.
— Que bom — disse ele.
Eu pensando em tudo o que eu tinha sentido lá no torneio. Só que, dois segundos depois de ter falado “eu não”, ele larga algo que me destruiu da maneira mais deliciosa possível para aquela grande manhã que vivemos juntos:
— Papai? Hoje eu aprendi o que é estar frustrado.
Quase bati o carro com o supetão e a complexidade da frase e olhei rapidamente pra trás dizendo “foi isso mesmo, meu filho” e entendi que esse torneio ensinou muito mais do que esperava.
E não só para meu filho.
Mas para o papai aqui...