Existe uma casa noturna em Porto Alegre que consegue reunir, no mesmo ambiente, metaleiros e pagodeiros. Há mais de 10 anos instalado no meio do caos da João Alfredo, o Preto Zé mudou recentemente de perfil e se tornou talvez o primeiro bar bipolar – no bom sentido, por favor – da Capital.
Com uma história ligada a ritmos brasileiros e, mais recentemente, a gêneros como pagode e funk, o Preto Zé começou a receber solicitações de eventos de rock pesado, hardcore, punk e metal sob a gestão de Luiz Simador, administrador do local há mais ou menos um ano.
– Essa casa tem uma estrutura diferenciada. Palco grande, qualidade de som e luz, conforto para os frequentadores. Em novembro do ano passado, uma produtora percebeu isso e resolveu fazer o show do C.J. Ramone aqui – conta Simador.
O show do ex-Ramone foi um sucesso, conta ele. Causou problema inclusive no sistema que Simador pensara para os shows de rock: uma espécie de matinê antes dos eventos típicos da casa. Como muita gente ficou esperando o roqueiro antes e depois da apresentação, foi preciso política para acomodar as duas tribos.
– Mas o pessoal do rock é muito educado. Quem achava que esses eventos podiam causar problema na casa se enganou – afirma.
O sucesso foi tão grande que há pelo menos mais quatro eventos previstos para os próximos dias: shows das bandas Citizen (26 de abril), Dance of Days (29 de abril), Less Than Jake (27 de maio) e o festival Odin’s Krieger Fest (30 de maio). No último fim de semana, a casa apostou nos shows de pagode de Junior Paixão, no sábado, e do grupo Experimenta e a da dupla sertaneja Erick e Murilo, no domingo. Simador conta que a nova rotina mudou até suas playlists:
– Eu gosto de Pearl Jam, Metallica, Nirvana. Mas, de um tempo para cá, só ouço pagode.