Em 2016, a Fifa passou a entregar no The Best o Prêmio Fair Play, para reconhecer jogador, técnico, equipe, árbitro, torcedor individual ou torcida a um comportamento exemplar, dentro ou fora do campo. Na cerimônia de janeiro, pelos prazos, o ex-gremista Pepê está fora da disputa. Mas, para a de 2026, ele é candidatíssimo.
O brasileiro virou manchete nos principais portais esportivos e viralizou nas redes sociais por mostrar a empatia muito falada e tão pouco praticada nessa era do individualismo que vivemos. Sem colocar a bola na rede, Pepê fez o golaço da temporada 2024/2025 na Europa até aqui.
Na goleada de 4 a 0 do Porto no Estoril, pelo Campeonato Português, quando estava 1 a 0, Pepê interrompeu a corrida em direção ao gol ao ver que o seu marcador, o lateral Pedro Amaral, havia sentido lesão. Ele entraria cara a cara com o goleiro, mas desistiu ao ver o adversário cair por lesão muscular e jogou a bola de lado. Pedro precisou ser substituído.
Por conta de sua atitude, Pepê foi reverenciado pelo público presente no Estádio do Dragão e jogadores de ambos os times. Mais ainda, o lance viralizou nas redes sociais, onde o jogador foi amplamente elogiado por sua atitude ímpar. O jornal espanhol Marca, por exemplo, adjetivou como "gesto maiúsculo"
Com méritos, Pepê foi recompensado por seu gesto logo na sequência. Dois minutos depois, em novo contra-ataque, marcou o segundo gol do time na goleada por 4 a 0. A atitude ganhou elogios do seu técnico, Vítor Bruno:
— Acho que é um hino ao futebol, pode ser o maior que tivemos aqui hoje. Posso ser criticado por isso, mas gosto que eles sejam honestos. Pepê tomou a decisão certa, depois foi retribuído por Deus, que lhe deu aquilo que poderia ter tido naquele momento (do lance).
Terceira maior venda da história do Grêmio, Pepê vive momento mágico no Porto. Multifuncional, atuou com Sérgio Conceição até como lateral. Suas atuações o colocaram no radar de clubes ingleses nas últimas janelas.
Mais do que no campo, neste domingo, ele mostrou seu tamanho e o quanto é valioso. Trata-se de valor humanitário. Infelizmente, uma atitude como a dele é rara no ambiente competitivo do futebol. Por isso, deve ser valorizada.
Mas, acima disso, precisa ser naturalizada. Atos como esse não deveriam ser dignos de prêmios. Até porque o prêmio valoriza a exceção.
O que Pepê fez tinha de ser corriqueiro. Como não é, que ele leve o troféu Fair Play para casa. O que seria mais um passo nesta luta que travamos de tornar o mundo um lugar melhor.
*Colaboração: Leonardo Bender