O Brasileirão chegou, nesta semana, a 13 técnicos estrangeiros, com as chegadas de Diego Aguirre e Fabián Bustos. Um recorde. Só portugueses, são sete. Mesmo número de brasileiros. Um reflexo da entressafra que vivemos e também das exigências do mercado por novas ideias de futebol e, principalmente, metodologias de treinos.
Porém, fora daqui, um brasileiro faz o caminho inverso. William Amaral, 55 anos, é quem comanda o Atlético Nacional, que nesta quinta-feira (10) busca vaga nas quartas da Libertadores contra o Racing, em Avellaneda. William foi o eleito pelos donos do Nacional para conduzir o time depois da saída de Paulo Autuori, pontuada por insurgência de jogadores na decisão por pênaltis da final da Liga Betplay, como é chamado o Campeonato Colombiano.
Dois jogadores que seriam substituídos aos 50 minutos do segundo tempo por Autuori se recusaram a sair de campo e ficaram para cobrar os pênaltis. Um deles, Pabón, craque do time, acabou desperdiçando a cobrança.
Com a renúncia de Autuori, o grupo Ardila Lulle decidiu apostar em William. Desconhecido por aqui, ele chegou a Medellín para fazer parte da comissão técnica de Autuori. Carioca, iniciou como jogador no Botafogo. Aos 20 anos, saiu para atuar em Portugal e se estabeleceu por lá. Atuou por cinco temporadas no Benfica e encerrou a carreira em 2002, no Celta de Vigo.
Em 2005, no Racing Ferrol, da Espanha, iniciou sua trajetória fora dos campos. Em 2010, no Compostela, foi assistente do brasileiro Fabiano Soares, que teve rápida passagem pelo Athletico-PR. Quase toda ela foi como auxiliar. Em 2011, foi assistente por uma temporada de Didier Deschamps no Olympique de Marselha. Entre 2012 e 2014, foi auxiliar fixo do RH Ham Benfica, de Gibraltar.
O Atlético Nacional é seu quinto trabalho como técnico principal. Em 2004, comandou o Valenciano e, em 2012, o Vilaverdense. Além desses dois clubes de Portugal, assumiu o Mons Calpe e o Lincoln Red Imps, de Gibraltar. Ou seja, trata-se de um quase estreante.
Seu assistente no clube colombiano é o filho de Autuori, Caio Mello. Percebe-se nas entrevistas que William ainda se adapta ao novo cargo. Dá respostas mais curtas em seu espanhol que quase envereda para um portunhol com sotaque carioca. Fora de campo, destoa do comportamento do antigo chefe. Se Autuori era um lorde fora na beira do gramado, ele é sanguíneo, vibrante e costuma interagir com a torcida.
Aliás, a interação com a torcida é quase obrigatória. Isso porque William ainda está impedido de comandar seu time na área técnica. Contra o Racing, ele ficou nas tribunas. Isso porque a Conmebol ainda não terminou o processo de validação da sua Licença Pro obtida na Uefa, a principal para um técnico trabalhar na Europa. Os colombianos alegam que encaminharam, no final de julho, o pedido.
Nesta quinta-feira, no El Cilindro, Diego Arias, técnico do sub-20, é quem estará na beira do gramado. Os primeiros momentos de William agradam a torcida, que mantinha relação tensa com Autuori. Contra o Racing, seu time abriu 2 a 0, levou o empate e buscou a vitória de 4 a 2.
Na Liga Betplay, são três jogos, com uma vitória e dois empates. O novo técnico segue a cartilha dos donos de apostar na base. Contra o Racing, quem entrou foi Jaider Perea, de 18 anos. Seu principal jogador é o uruguaio Maxi Cantera, 30 anos, e que nunca havia jogado fora do seu país.