Jaminton Campaz é um sobrevivente. Diante disso, o torcedor gremista pode ficar otimista de que o meia buscado na Colômbia tem tudo para dar uma resposta imediata na Arena. Embora seus 21 anos e a mudança radical de vida, ao trocar o Tolima e a tranquila Ibagué pelo Grêmio e a primeira chance em um grande mercado de futebol.
O que faz de Campaz um cara de fibra é sua própria história. Que ele mesmo contou em uma entrevista à Gol Caracol, a versão online do principal conglomerado de mídia da Colômbia. Campaz é de Tumaco, cidade de 300 mil habitantes às margens do Pacífico e muito próxima da fronteira com o Equador.
O fim dos cartéis de Cali, que dominava a região, e Medellín, nos anos 1990, e o acordo de dissolução das Farc, em 2016, criaram um vácuo na região, que acabou ocupado por dissidentes da guerrilha e por paramilitares. Tudo ali está relacionado com o tráfico, claro, e à mineração ilegal. A região Tumaco virou o local com maior plantação de coca no mundo. São quase 20 mil hectares e um cliente poderoso, o mexicano Cartel de Sinaloa.
— Tumaco é uma zona de muitas guerrilhas e 'paracos' (paramilitares). Lá, sempre o que se dedica ao futebol é porque quer sair. Graças a Deus, tive a chance de sair com meu irmão Mike. Cheguei a uma liga em Ibagué e, aos 14, 15 anos, me comprou o Tolima — disse Campaz à Gol Caracol.
Campaz é tratado na Colômbia como o jogador mais valioso em atividade. Sua iminente venda por US$ 4 milhões, valores divulgados por lá, confirma esse status. Mesmo atuando no país, o meia-atacante ganhou lugar na lista de Reinaldo Rueda para as duas últimas rodadas das Eliminatórias e para a Copa América.
James Rodríguez, em baixa técnica, e Juan Quintero, lesionado na China, abriram espaço para que o técnico apostasse na mais nova joia colombiana. Sua venda já era esperada na metade do ano passado. O Tolima chegou a negociar com clubes da MLS, mas sem acerto.
Assim, ele seguiu no clube e ajudou a conquistar o título nacional no primeiro semestre deste ano. A própria participação na pré-Libertadores 2020, contra o Inter, o apresentou ao continente. Ele foi o grande nome do Tolima e, por pouco, não eliminou os colorados.
A coragem é uma das virtudes de Campaz em campo. Assim como a autoestima elevada. Nessa mesma entrevista concedida à Gol Caracol, ele revelou seu objetivo na carreira:
— Minha meta é o Real Madrid, mas para chegar lá tenho de trabalhar muito e dar tudo à equipe em que estiver.
Não duvidem de Campaz. Ele driblou o destino.