Foi um jogaço de encher os olhos na Arena. Não teve gol, é verdade. Mas sobraram conceitos de futebol e ideias. Grêmio e Atlético-PR entraram em campo o propósito de jogar e fazer prevalecer sobre o rival seu modelo de jogo. Que até tem alguma semelhança, são dois times que gostam de ter a bola e, com ela, construir e buscar a vitória.
O Atlético-PR não mudou um centímetro do que costuma fazer em Curitiba. Jogou com a bola rasteira sobre a grama, trocou passes, tramou e foi avançando de forma organizada. Arriscou-se, é verdade, mas correr riscos faz parte do pacote de quem procura jogar.
Vendo o Atlético-PR sair com a bola da defesa, principalmente a partir do goleiro Santos, me lembrou muito o Lanús, o time que veio à Arena na final da Libertadores e atuou como se estivesse em casa, sem medos.
Fernando Diniz, técnico por opção e psicólogo por formação, caminha na mão contrária do futebol brasileiro, em que a pressa determina a velocidade do jogo e da vida dos clubes. Vir até a Arena e enfrentar o Grêmio não é para qualquer um. E é ainda para pouquíssimos ficar com 10 jogadores nos últimos 15 minutos e, ainda assim, se negar a ficar apenas se defendendo dentro da área.
A noite deste domingo na Arena teve 1.043 passes, sendo 515 dos paranaenses e 528 do Grêmio. O tempo de bola rolando roçou os 70%, 10% a mais do que a Fifa aponta como ideal. Faltou o gol, é verdade, mas vimos um jogo que desponta como um respiro no futebol brasileiro.