Restando praticamente uma semana para o segundo turno, o cenário ainda é de incertezas e aponta para uma disputa acirrada entre Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição presidencial. Neste contexto, há um dado interessante a ser observado sobre ambos: o alto índice de rejeição.
Como analistas já pontuaram, essa talvez seja o pleito em que o eleitor escolha votar num candidato para evitar que o adversário seja eleito.
"Não gosto do Bolsonaro, mas voto nele porque no Lula não voto de jeito nenhum" ou "Não gosto do Lula (ou do PT), mas voto nele para evitar mais quatro anos de Bolsonaro" são frases que a gente ouve no almoço de família ou na conversa de bar.
O dado sobre a rejeição revela exatamente a disputa acirrada que mencionamos acima. Em setembro, apontou o Ipec, Bolsonaro era rejeitado por 50% do eleitorado brasileiro e parecia ter um desafio imenso pela frente para fazer diminuir esse índice. Lula, por sua vez, ostentava índice de rejeição de 33%, que não pode se dizer baixo.
Apesar de parecer difícil, Bolsonaro está conseguindo diminuir sua rejeição paulatinamente. Aos poucos, vem retomando terreno entre aqueles que não votariam nele de jeito nenhum.
Elencou alvos específicos: mulheres, evangélicos, eleitores do Nordeste, entre eles. Para conquistar o voto feminino, por exemplo, levou a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, para o centro da campanha e hoje ela tem agenda quase como se fosse a candidata. E não são poucas as aparições de Michelle nos programas de propaganda de rádio e TV.
Resultado: a rejeição diminuiu quatro pontos percentuais e em 17 de outubro estava em 46%. Mas não foi só. A campanha de Bolsonaro potencializou os ataques para fazer aumentar a rejeição do adversário, o ex-presidente Lula. E essa estratégia também parece estar funcionando junto ao eleitor. Os que não votariam em Lula eram 33% e agora já são 41%, conforme a pesquisa Ipec.
Perceba: a diferença da rejeição entre os dois que já foi de 17% (50% a 33%) hoje é de apenas cinco pontos percentuais (46% a 41%).
Apesar do dado, ainda não é possível saber quem vai vencer em 30 de outubro. Das duas campanhas, a certeza de que a disputa será (já está) acirradíssima e a eleição deve ser decidida em alguns detalhes. A rejeição parece ser um deles.