A deputada federal Maria do Rosário (PT-RS), reeleita em outubro para mais um mandato na Câmara, elogiou o discurso da primeira-dama Michelle Bolsonaro, na posse do marido, Jair Bolsonaro, como presidente da República, em Brasília. Michelle quebrou o protocolo e surpreendeu a todos, ao se dirigir ao pública da Praça dos Três Poderes em Língua Brasileira de Sinais (Libras). O discurso emocionou até ministros do núcleo duro do governo Bolsonaro.
Ao programa Timeline, Rosário, que é também ex-ministra dos Direitos Humanos, elogiou o gesto de Michelle:
— Eu considero que esse é um gesto interessante, eu não farei com os meus adversários o que fazem em relação a nós, eu não atacarei. Eu considero um gesto positivo — disse, em entrevista ao programa Timeline.
Rosário é autora da lei, enquanto deputada federal, que regulamentou em 2010, a profissão de tradutor e intérprete de Libras.
A deputada, no entanto, disse que não se pode ser "ingênuo" e que é preciso considerar que pode ter havido uma intenção política para suavizar o discurso de Bolsonaro, que chegou a dizer que a era do "politicamente correto" acabou.
— Nós também não somos ingênuos. A política é feita de marketing muitas vezes. Ele (Bolsonaro) seguiu com aquela história de sangue. Eu acho horrível, acho que não está à altura da instituição Presidência da República. Eu creio que o discurso, analisando a parte política, foi articulado de uma forma para suavizar, lançar alguns pontos como contraponto suave ao posicionamento dele — avaliou.
Maria do Rosário também criticou o fato de o discurso contrastar com cortes orçamentários, segundo ela, pretendidos pelo governo Bolsonaro em projetos voltados à pessoa com deficiência.
— Observo que (o discurso) sendo um símbolo importante, contrasta com cortes orçamentários em ações para pessoas com deficiência. Em cortes de direitos e garantias das pessoas mais pobres. O tema das pessoas com deficiência envolve também direitos sociais e econômicos desta comunidade — completou.