Certa vez, Maurício Rosenblatt, homem de luzes e de espírito empreendedor que marcou o mercado editorial brasileiro, disse o seguinte sobre a primeira edição da Feira do Livro de Porto Alegre:
— Fomos para a praça como guris para um piquenique, loucos de contentes, mas sem saber o que iríamos encontrar.
Eles simplesmente “levaram os livros para o caminho do povo”, como costuma dizer Max Ledur, que hoje tem a missão de comandar o evento criado em 1955 por gente iluminada como Rosenblatt.
Naquela época, livrarias eram coisa da elite burguesa e letrada. O povo passava ao largo das vitrines e prateleiras, até que aqueles “guris” decidiram fazer o tal piquenique de livros em plena Praça da Alfândega.
A inspiração veio de um evento literário realizado no centro do Rio de Janeiro.
Na estreia, segundo o escritor Rafael Guimaraens, autor do Almanaque da Feira do Livro 2024, que será lançado no local neste sábado, às 18h, o encontro teve 14 barracas e registrou 35.813 obras vendidas em 14 dias. Um estouro.
De lá para cá, o evento manteve as características originais. Com acesso gratuito, banquinhas de madeira, saldos, descontos e promoções, a iniciativa persiste e resiste aos novos tempos e às telas. A feira continua no Centro Histórico, atravessando o caminho do povo (e sendo atravessada por ele).
Drops de arte
Erico Santos é um pintor de Porto Alegre — das cenas da cidade, que retrata desde 1981, em estilo neo-impressionista contemporâneo.
— Tenho ajudado a divulgar nossa cidade pelo mundo. Muita gente de fora me diz que quer conhecer este lugar lindo que pinto. Fico feliz com isso. Porto Alegre é inspiradora, e a arte pode ser, também, um incentivo ao turismo — diz o artista visual gaúcho, que há mais de 15 anos mantém atelier em Milão, na Itália, onde costuma passar ao menos seis meses por ano.
Ao lado, duas amostras dessa paixão, com foco na Praça da Alfândega. Na imagem mais à esquerda, de 2013, você vê o Museu de Arte do RS em destaque. À direita, na tela de 2008, está o Memorial do RS, rodeado pelas bancas da Feira do Livro.
Um convite para você
Neste sábado (2), às 18h, vou mediar um bate-papo gratuito na Feira do Livro com os jornalistas André Malinoski, Marcelo Gonzatto e Rodrigo Lopes, do Grupo RBS, sobre os bastidores da cobertura da enchente.
Será na Sala O Retrato, do Espaço Força e Luz (Rua dos Andradas, 1.223). Apareça!