Sempre se pode contar com Lula e com o PT para tentarem aplicar todas as soluções erradas e, no fim, escolherem a pior. Passaram três meses envolvidos até o talo num “governo de transição” em Brasília; segundo se orgulhou o presidente, foi a primeira vez que um novo governo “começou a governar” antes de tomar posse. Nada menos que 900 pessoas participaram deste esforço. Muitos, é claro, fizeram apenas simulação de atividade – nada como um negócio desses para o sujeito passar três meses da vida ganhando sem trabalhar. Mas outros, infelizmente, lançaram-se ao esforço de ter ideias. É daí que saíram, junto com ideias velhas e igualmente ruins, os primeiros movimentos do novo governo Lula. É um fiasco. Em mais de um mês de atuação, toda a sabedoria concentrada nos cérebros dos gigantes da transição não foi capaz de apresentar uma única proposta coerente para encarar qualquer dos problemas reais que o Brasil tem neste momento. Em compensação, fez isso aí que se está vendo: um programa de oposição feroz ao governo Bolsonaro, que, como se sabe, não existe mais.
Lula, até agora, só anunciou o que quer destruir – a autonomia do Banco Central, a reforma trabalhista, a blindagem de carros particulares, e por aí afora. Acabou com o serviço de apoio prestado pelo Itamaraty ao agronegócio. Acabou com o programa de alfabetização do governo federal. Até quando vai continuar? Daqui a pouco não vai haver mais nada para ser demolido; ao contrário, haverá a necessidade de manter os índices de inflação, desemprego e crescimento que recebeu do governo anterior. Não há, nem nas propostas do “governo de transição”, nem do governo que já começou, a mais remota ideia de como lidar com isso tudo – a não ser gritaria demagógica e ignorante para acabar com a independência do Banco Central, que “não cuida dos pobres” e mantém os juros a 13,75% ao ano, para dar lucro “aos banqueiros”. Quer também construir um gasoduto na Argentina, censurar as redes sociais, acabar com as manifestações de rua e prender quem é acusado de “atos antidemocráticos”. Quantos empregos qualquer dessas coisas gera na economia real? Quantos pontos diminui da inflação, ou acrescenta ao crescimento?
Como não sabe o que fazer, Lula constrói inimigos. No momento está em guerra contra a “direita”, os “bancos”, os “ricos”. É sempre assim – todas as vezes em que se vê diante de uma dificuldade, Lula fica radical e começa a falar bravo. Esta vez não deve ser diferente.