A tranca vai ficar mais forte para os líderes de facções criminosas do Rio Grande do Sul. As secretarias da Segurança Pública (SSP) e do Sistema Penal e Socioeducativo (SSPS) acertaram com o Ministério Público e o Judiciário o envio de líderes do crime organizado para celas isoladas, como antecipou a colega Adriana Irion, de Zero Hora. Eles serão submetidos a um regramento similar ao Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), que prevê mais revistas, escasso contato com outros detentos e restrição de visitas íntimas.
A regra será aplicada para aqueles que forem apontados, em investigações, como mandantes de homicídios - mas pode também atingir executores de matanças, lógico. Uma das maiores preocupações das polícias é com a mobilidade dos líderes do crime. O secretário Sandro Caron, da SSP, tem apelado de forma sistemática para que juízes parem de libertar chefes de quadrilha. Como Zero Hora mostrou há algumas semanas, pelo menos 15 presos que comandam ou gerenciam facções gaúchas foram beneficiados em 2024 por prisões domiciliares (com ou sem tornozeleira eletrônica), após alegarem necessidade de tratar doenças. Sete deles fugiram dias depois de ganharem o benefício, outros três escaparam e foram recapturados.
— Não é possível que investigações demoradas, que garantiram condenações de dezenas de anos a mentores de homicídios, sejam prejudicadas por leis fracas ou libertações precipitadas — tem criticado Caron.
Uma nova Vara de Execuções Criminais vai cuidar desses apenados submetidos a aperto disciplinar e a esperança dos policiais é que os magistrados sejam mais rigorosos. O RDD já foi aplicado anteriormente nas prisões gaúchas, mas de forma episódica. Policiais se queixam que não era um isolamento de fato — basta ver a facilidade com que líderes ordenam crimes de trás das celas. Agora será criada uma ala só para isso. A ideia é que o celular não pegue, mesmo. E que doenças dos apenados não virem pretexto para simulações que garantem suas fugas.