Foi morto a tiros na terça-feira (10) um dos mais famosos traficantes da história gaúcha. Nei Machado, o Pitoco, foi emboscado em Passo Fundo, onde residia, por tripulantes de um carro escuro. Ele ainda correu para escapar, mas foi atingido no peito e no pescoço. Levado por bombeiros até o Hospital de Clínicas, foi submetido a cirurgias, mas não resistiu.
Machado é uma lenda no submundo. Ex-patrão do CTG Fagundes dos Reis, em Passo Fundo, foi vendedor de carros usados, até se envolver no crime. Começou no tráfico buscando drogas no Paraguai, de carro. Logo evoluiu para o uso de aviões. A cocaína era lançada desde a aeronave em lavouras do Norte gaúcho, onde era transportada para caminhonetes, partilhada e vendida no varejo. Ele cumpriu várias condenações criminais por esse tipo de procedimento, tanto no Rio Grande do Sul, como no Paraná.
Machado era dono de uma fruteira no bairro Petrópolis, em Passo Fundo, onde cumpria pena no regime semiaberto, após passar anos na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc). O assassinato é investigado pela delegada Daniela Mineto, de Homicídios, que ainda não sabe a motivação do crime.
Machado se tornou conhecido nacionalmente ao ser capturado na Colômbia em 19 de fevereiro de 2001, junto com o megatraficante carioca Fernandinho Beira-Mar. Ambos estavam num acampamento da guerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) na região de Barranco de Minas, de onde supervisionavam pessoalmente o envio de cocaína para o Brasil. Foram presos pelo Exército colombiano.
Beira-Mar foi expulso na mesma semana, mas Machado ficou preso em Bogotá até 2005, quando foi extraditado para o Rio Grande do Sul. Na época ele era apontado pela Polícia Federal como o responsável por 70% da droga que entrava no Rio Grande do Sul, com movimentação de R$ 500 mil por semana com o tráfico.
Machado tinha relação com outro traficante passo-fundense, José Paulo Vieira de Mello, o Seco, que o sucedeu na quadrilha, quando ele foi preso. Os dois se conheceram jogando futebol. Em 2018 Machado saiu do regime fechado. Desde então usava tornozeleira e trabalhava em sua fruteira. Com tantas relações no submundo, não será tarefa fácil para os policiais descobrir quem o matou.