Ao determinar a prisão da ativista de extrema direita Sara Winter – codinome pelo qual é conhecida Sara Fernanda Giromini – o Supremo Tribunal Federal (STF) demarcou limites. É um recado contra vandalismo e ameaças.
O STF tem sido alvo de críticas diuturnas de Sara e seu grupo, os 300 pelo Brasil, ativistas bolsonaristas que acamparam durante semanas junto à Praça dos Três Poderes, em Brasília. Ela chegou a dizer, em gravação nas redes sociais, que daria socos no ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, se cruzasse com ele. As chances de isso acontecer agora diminuem bastante, com ela na prisão.
Os 300 – que ganharam notoriedade ao desfilar em trajes pretos e com tochas, pedindo o fechamento do Congresso e do STF – já tinham sofrido uma derrota no fim de semana, quando seu acampamento foi desmontado pela guarda do Distrito Federal, administrado por um governador que se diz aliado de Bolsonaro. Pelo visto, até os aliados não querem confusão com o Judiciário e o Legislativo. Em represália, parte dos ativistas de extrema direita invadiu a área do prédio do Congresso, sem causar danos.
A prisão de Sara acontece por atos desse tipo: num inquérito que investiga realização de atos antidemocráticos. Ela pode ser enquadrada pela Lei de Segurança Nacional, curiosamente usada pelo regime militar (1964-1985) para punir militantes de extrema esquerda.
Mas Sara é investigada também por dois outros motivos. O Ministério Público Federal (MPF) do Rio de Janeiro apura se houve irregularidade no uso que ela fez do fundo eleitoral nas eleições de 2018. Sara foi candidata à deputada federal no Rio pelo DEM. Não se elegeu e deixou de prestar contas corretamente ao final da campanha (como notas fiscais de prestação de serviços contratados). A Justiça determinou que ela devolva R$ 25 mil recebidos do fundo.
Sara Winter é também alvo do chamado inquérito das fake news, aberto pelo STF. É suspeita de usar de informações falsas para atacar o Supremo, fato que levou a Polícia Federal a fazer buscas na residência dela. A prisão dela é um teste para ver até onde o extremismo no Brasil tem fôlego para chegar.