A Polícia Federal deixou bem claro para o país, hoje, que não gostou da sugestão governamental de que o Caso Rodrimar (que apura benefício para empresas portuárias) fosse arquivado pelos policiais. A opinião de que não havia provas e deveria ser engavetada a investigação veio do próprio diretor-geral da PF, Fernando Segóvia, em fevereiro, durante entrevista. A declaração provocou repúdio geral entre os delegados (os que investigavam a questão e os não ligados a ela). Tamanha foi a repercussão que Segóvia caiu.
Agora pode-se deduzir que a PF deu o troco. Na impossibilidade de emparedar Temer (até porque ele tem foro privilegiado e o Congresso se recusou a autorizar investigação sobre ele), os federais conseguiram prender os amigos do presidente. Gente que convive com ele há mais de duas décadas.
É o caso do advogado José Yunes, que seria um arrecadador de campanha informal de Temer. Ele teria guardado em seu escritório R$ 1 milhão em espécie para uma caixinha administrada por Temer, destinada ao PMDB para eleições de 2014. A revelação foi feita pelo doleiro Lúcio Funaro em colaboração premiada. Ele diz que buscou o dinheiro e mandou entregá-lo em Salvador a Geddel Vieria Lima (que viria a ser ministro de Temer no seu governo e está preso, porque encontraram em um apartamento dele mais de R$ 50 milhões em espécie).
Outro preso hoje é o coronel João Batista Lima Filho, reformado da PM paulista, escudeiro de Temer desde a década de 80. Ele também teria recebido R$ 1 milhão destinado a Temer - quem relata isso, em delação premiada, é o contador Florisvaldo Caetano de Oliveira, que fazia entregas de dinheiro do grupo J&F (multinacional de beneficiamento de carne) a políticos brasileiros.
Quais os próximos passos? Policiais e procuradores farão centenas de perguntas, encurralando os presos. Até que algum deles, no brete, decida partir para a delação. Não é preciso esforço para adivinhar quem será delatado.