O que era antes um problemão individual para os dirigentes da Mendes Júnior - três deles foram condenados a penas superiores a 10 anos de reclusão, no âmbito da Lava-Jato - tornou-se um drama coletivo com a proibição da empreiteira de realizar negócios com o governo. É por um período pequeno, mas pode ser um nocaute nas finanças da construtora, enrolada no caso de corrupção da Petrobras.
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Em janeiro de 2015, mais de 500 empregados que atuavam na Transposição do Rio São Francisco (obra no Nordeste) não tiveram recolhido o 13º salário, por força do impacto negativo da operação nas finanças do grupo. Foi a primeira de muitas notícias ruins desse tipo. Depois veio a demissão de 2,5 mil funcionários. Hoje restam certa de 3,5 mil, e o efeito-cascata pode ter resultados catastróficos. A Mendes Júnior atua hoje em mais de 40 projetos no país, a grande maioria com o governo federal.
Baixada pela Controladoria-Geral da União (CGU), a proibição de realizar contratos por pelo menos dois anos é vinculativa (o governo é obrigado a cumprir) e deve resultar em nova onda de dispensas de funcionários.
A Mendes Júnior já viveu agonia semelhante, décadas atrás. Em 1990 ela foi proibida de participar de licitações no Brasil por força de disputa com uma companhia hidrelétrica, teve de sobreviver com contratos no Exterior e quase quebrou. Veio a se recuperar em 1998, após o fim da pendenga judicial.
O grande temor do empresariado é que a receita da CGU seja aplicada a outras empresas. No universo das grandes empreiteiras brasileiras, a Mendes Júnior é uma das menores. Caso a Odebrecht seja punida da mesma forma, a quebradeira será generalizada.