A decretação da prisão do publicitário João Santana durante a 23ª fase da Operação Lava-Jato, batizada de Acarajé, cai como uma bomba no colo do Partido dos Trabalhadores.
Santana foi marqueteiro da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição como presidente, em 2006, e de Dilma Rousseff para a eleição de 2010 e a reeleição de 2014. Fez isso através da Polis Propaganda e Marketing, empresa que mantém junto com a mulher, a também publicitária Monica Moura.
Santana ainda não foi preso porque está no Exterior e, com certeza, fará de tudo para obter um habeas corpus tentando suspender a sua prisão preventiva. A suspeita é que Santana esteja na República Dominicana, onde trabalha na tentativa de reeleger o atual presidente, Danilo Medina. Até o momento não há qualquer vinculação entre o decreto de prisão, assinado pelo juiz Sérgio Moro (da 13ª Vara Federal de Curitiba), e as campanhas de Lula e Dilma. Mas poucos duvidam que, ao interrogar Santana, o alvo do Ministério Público Federal (MPF) será justamente o duto de dinheiro que abasteceu a candidatura dos então presidenciáveis, que acabaram chegando ao cargo.
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É aí que entram as buscas e apreensões nas subsedes da empreiteira Odebrecht. Em mensagem apreendida pela Polícia Federal no celular de Marcelo Odebrecht (presidente da empresa, que está preso pela Lava-Jato), o executivo se refere ao "risco da conta suíça chegar na campanha dela". Os policiais querem saber quem é "Ela" da campanha.
A resposta pode estar com o consultor Zwi Skornicki, que gerenciava contas off-shore nos EUA e Inglaterra. Ele foi preso, apontado como operador de suborno pago por multinacionais para obter contratos com a Petrobras. A PF suspeita que Zwi teria enviado propinas da Odebrecht a João Santana e Monica Moura, para contas no Exterior. Os contratos administrados por Zwi são de US$ 6 bilhões (cerca de R$ 22 bilhões). Teria parte desse dinheiro sido canalizado para campanhas políticas no Brasil? É o que os investigadores da Lava-Jato querem perguntar a Santana e Zwi.