A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Depois de reajustes ao longo do ano que acentuaram a queda prevista nas vendas para 2024, entidades representativas do setor de máquinas agrícolas voltam atrás e fazem agora uma pequena revisão de rota. No país, a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) divulgou, nesta quarta-feira (27), uma nova projeção de redução de até 23% no faturamento com a comercialização de máquinas agrícolas para 2024. Até mês passado, a previsão era fechar o ano com uma queda de 25%.
No Rio Grande do Sul, o Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas (Simers) também reajustou suas estimativas. De acordo com o presidente da entidade, Claudio Bier, a queda deve ser menor do que a diminuição de 24% prevista até então. Para ele, tem a ver com o surgimento de um espírito otimista na indústria:
— Está se desenhando uma grande safra para o ano que vem. Já notamos uma melhora no desempenho das empresas, na contratação de pessoas. Há revendas que começaram a desovar os seus estoques.
Presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Abimaq, Pedro Estevão, no entanto, pondera:
— O ano continua ruim. Deve fechar com uma queda de 21% a 23%.
Os dados divulgados até outubro pela Abimaq para o país já sinalizam essa mudança de rota. De janeiro a outubro, a receita está em R$ 50,9 bilhões, queda de 23,3% sobre o mesmo período do ano passado.
Os motivos
De acordo com Estevão, a série de reajustes ao longo do ano — e a queda agora projetada em até 23% — se deve a fatores macroeconômicos, como preço de commodities em baixa e o esgotamento de recursos do Plano Safra no primeiro semestre, e ao clima:
— A seca (no Centro-Oeste) foi o principal fator. O prejuízo foi muito grande
A enchente no Rio Grande do Sul também ajudou a Abimaq a revisar para baixo, no meio do ano, a projeção de vendas para 2024.
— Foi um ano péssimo (em termos de adversidades) — conclui o dirigente.