A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Recém começaram a roncar os tratores nas lavouras de arroz orgânico, e os produtores já renovaram suas esperanças para a próxima safra na Região Metropolitana de Porto Alegre. A expectativa é de recuperação das 300 mil toneladas do grão. E vem depois da última safra, quando mais da metade da produção foi levada água abaixo pela enchente.
De acordo com a coordenadora de bioinsumos do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) do Rio Grande do Sul, Dionéia Soares Ribeiro, "colher uma boa safra" é sempre a esperança dos produtores:
— E, neste ano, queremos passar das 100 sacas por hectare (produtividade média do grão orgânico). Mas o clima precisa ajudar, e seguimos com muita insegurança na região.
Em comparação ao ano passado, o plantio já está atrasado, continua Dionéia. Nesta quarta-feira (23), por exemplo, com a previsão de um ciclone extratropical, muitos produtores estão receosos continuar a semear o solo.
Gargalo da semente
Além do clima, outro empecilho aos produtores orgânicos era a oferta de sementes. Assim como o cultivo convencional de arroz e soja, por exemplo, com a enchente, boa parte do estoque do grão foi perdido pelas águas.
À pedido dos agricultores, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) doou 718,8 mil sementes de arroz — entre agroecológico e o adaptado ao sistema orgânico — na abertura oficial do plantio, nesta semana, em Eldorado do Sul. Os grãos foram adquiridos do mercado.
Com esse volume, o MST espera semear quase 4 mil hectares de arroz orgânico neste ano, beneficiando 373 famílias, nos municípios de Nova Santa Rita, Eldorado do Sul, Viamão, São Jerônimo e Charqueadas.
— A maior parte vai ser produzida e comercializada (como grão, para consumo). Mas parte disso queremos guardar para a próxima safra, já que perdemos até o grão que tinha no silo — detalha Dionésia.