No longo caminho de recuperação do solo após a catástrofe climática registrada no Rio Grande do Sul, há um entendimento comum entre pesquisadores e técnicos que se debruçam sobre o assunto: não existe receita pronta, tampouco única. A avaliação é reforçada na nota técnica elaborada pelo Departamento de Solos da Faculdade de Agronomia da UFRGS, em conjunto com a Secretaria da Agricultura e a Emater, que acaba de ser divulgada.
– A gente precisa fazer uma leitura geral da paisagem para ver o que tem de ser feito – observa Michael Mazurana, do Departamento de Solos da Faculdade de Agronomia da UFRGS.
Altamir Bertollo, chefe da Divisão de Centros de Pesquisa, Diagnóstico e Serviços do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária da secretaria, destacou a necessidade de tratar áreas afetadas caso a caso. O que se busca é a recuperação da capacidade produtiva perdida com a enchente. “Estamos falando em reconstruir a física e a biologia das áreas produtivas, algo que demanda conhecimento, entendimento de processos e, em algum grau, máquinas, fertilizantes e sementes”, aponta o documento.
– Hoje, o solo não tem uma estrutura definida nos locais mais afetados, perdeu capacidade porosa, capacidade de acúmulo d’água para disponibilizar para as raízes das plantas – completa Ricardo Felicetti, diretor do Departamento de Defesa Vegetal da pasta da Agricultura.