A tragédia climática que arrasou o Rio Grande do Sul trouxe efeitos também sobre as projeções da indústria de aves do país para este ano. Dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) mostram que tanto o crescimento da produção quanto o da exportação foram revisados em razão da cheia, que não comprometeu, mas limitou esse avanço. O volume estimado agora, de até 15,1 milhões de toneladas, é 1,8% maior do que o registrado em 2023, e os embarques previstos, de até 5,25 milhões de toneladas, um avanço de 2,2%.
— É claro que para quem perdeu a granja inteira, o impacto é muito grande, mas o RS tinha várias indústrias fora dessa região (mais afetada, caso do Vale do Taquari) — explicou Ricardo Santin, presidente da entidade.
O Estado é o terceiro maior produtor e exportador nacional de frango. E traz um efeito maior da tragédia sobre os números: de janeiro a junho, as exportações gaúchas recuaram 4,8%, acima do recuo do país, que foi de 1,6% e reflete, conforme Santin, uma "questão estatística". O mês de março de 2023 foi um ponto fora da curva, tornando a base de comparação elevada.
— O positivo é a resiliência do produtor gaúcho, que conseguiu fazer e não deixou faltar comida — enalteceu o dirigente.
Outra questão a ser considerada é o foco da doença de Newcastle. A agilidade na resposta e o fato de ser um caso isolado devem restringir as perdas em razão dos mercados que seguem com embargos vigentes, um deles sendo a China, principal destino da proteína do Brasil.
— A autossuspensão depende de nós (Brasil), mas a volta depende do país que está importando. O que estamos fazendo é levar o mais rápido possível as informações solicitadas — explicou Santin.
A média mensal exportada pelo Brasil é de 430 mil toneladas, e o impacto projetado com os embargos, entre 50 mil e 60 mil toneladas.